Em outubro de 2016,
entre os dias 25 e 28, ocorrerá, na UCPel, um interessante evento que se propõe
a discutir práticas de iniciação científica, pesquisa e extensão; é o Salão Universitário
da Universidade Católica de Pelotas. O PET/Educação estará lá, com quatro
trabalhos selecionados. Leia os resumos aprovados pelas bolsistas Rafaela
Camargo, Maiara Kringel, Tamires Goulart e Tamires Machado, apresentados aqui
por ordem alfabética de título:
BIBLIOTECA
ESCOLAR: AMBIENTE DE LEITURA, PRESENÇA, PERMANÊNCIA.
Pesquisadora: Rafaela Camargo
Orientadora: Drª.
Cristina Maria Rosa
No trabalho apresento
reflexões sobre a importância de ambientar o espaço da biblioteca escolar
tornando-o agradável e acolhedor à leitura e à formação do leitor. O tema
surgiu a partir de experiências que o GELL – Grupo de Estudos em Leitura
Literária da FaE/UFPel – tem adquirido ao propor e realizar uma reforma na
biblioteca de uma escola pública em um dos bairros da cidade de Pelotas. O foco
foi conhecer, entre usuários, a influência do ambiente (delimitação de espaços
internos, iluminação, mobiliário, cores e adereços) no desejo de frequentar a
biblioteca. Fundada em princípios da pesquisa qualitativa, inicialmente cerquei
o assunto em sites – Scielo e Google Acadêmico, utilizando palavras-chave
(biblioteca escolar, reforma de biblioteca e políticas públicas de leitura,
entre outras). Raros, selecionei os mais próximos e os li. Tendo como foco
conhecer, entre usuários, a influência do ambiente no desejo de frequentar a
biblioteca, os demais procedimentos foram: a) elaboração de questões abertas
sobre o espaço e o ambiente; b) realização das entrevistas com um grupo de
estudantes, com diretora e vice da escola, visitantes e universitários
envolvidos; c) degravação e análise das entrevistas; d) leitura dos relatórios
(fotográfico e documental) da reforma; e) captura e citação de recortes do que
foi dito ou escrito; f) escrita das conclusões.
Resultados
e Discussões: Ao ser convidado a organizar o
acervo da Biblioteca da Escola, em especial do espaço infantil, o GELL
esperava, “encontrar uma sala com armários e prateleiras repletos de livros que
precisaríamos apenas classificar e guardar novamente”, de acordo com a bolsista
Ieda Kurtz (in: ROSA, 2016). No entanto, a situação era bem diferente do
esperado. Na sala, um entulho de armários, cadeiras, móveis destruídos e
inservíveis haviam sido agrupados no centro, para que as paredes fossem
pintadas. A partir dessa primeira constatação, o grupo sentiu necessidade de
transformar o espaço. A pergunta formulada foi: Como organizar e tornar o local
atrativo aos alunos? Em uma primeira reunião, ideias e um plano de intervenção
animaram a equipe que, daquele dia em diante, empreendeu esforços no sentido de
transformar a sala em uma biblioteca: um espaço em que os estudantes gostassem
de estar. A partir das intervenções, a curiosidade foi conhecer, entre os
usuários, as percepções sobre a “reforma”. Para a Diretora da escola, o espaço
em construção é bem diferente da antiga biblioteca, que tinha um ambiente pouco
atrativo onde “ninguém tinha vontade de entrar”. Só o faziam “quando era
estritamente necessário, porque era uma coisa que tu não te sentia bem ali”. Na
reforma da sala destinada à biblioteca, além da organização do espaço, o GELL
está reformando estantes e cadeiras, decorando e pintando os espaços criados
para que fiquem atrativos: à leitura, à presença, à permanência. Os alunos que
foram convidados a opinar sobre o andamento da obra e as mudanças aparentes em
julho de 2016, demonstraram agrado diante do que viram e indicaram ansiedade
para poder frequentá-la. Para o grupo de universitários envolvidos na
transformação, a biblioteca escolar tem como objetivo formar leitores e ser
fonte de conhecimento. Não pode ser simplesmente, um local de depósito de
livros. Mesmo que eles estejam dispostos em estantes e que a sala tenha um bom
espaço físico, isto não é suficiente. Ela deve ser atrativa e cativante para o
público tão exigente que são as crianças e adolescentes. Logo, ambientar esses
locais, tornando-os acolhedores e agradáveis é uma boa estratégia para conquistar
leitores.
ENCONTRO
COM A POESIA: COM A PALAVRA, PROFESSORAS
Pesquisadora: Tamires Lacerda Machado
Orientadora: Drª.
Cristina Maria Rosa.
No trabalho
apresentamos resultados parciais de uma pesquisa envolvendo professoras que
frequentam um curso de formação online. Iniciado dia 18 de abril de 2016, os
temas tratados foram: Encontro com a poesia; A música das palavras; Imagens que
os versos sugerem; O jogo com o significado das palavras; Quem fala?; Alguns
tipos de poema; Gêneros híbridos, A poesia infantil no Brasil e Como planejar,
realizar, registrar e avaliar uma unidade de leitura sobre poesia. Um dos
gêneros do discurso literário ofertado às crianças na escola, a poesia é “luta
amorosa com as palavras”, de acordo com Mario Quintana. Por suas peculiaridades
ou recursos próprios – uma criteriosa seleção e combinação de sons, de ritmo,
de melodia – a linguagem ou registro poético é profundamente necessário na
formação do leitor. Para Machado (2014) “Poesia e infância se confundem” o que
se pode comprovar através do gosto especial pelos ritmos, musicalidade,
repetições, aliterações, assonâncias, onomatopeias que há em muitas das
brincadeiras infantis. O foco da pesquisa foi identificar conhecimentos prévios
dos integrantes do curso, a respeito do tema. A questão que representou minha
curiosidade foi: O que é poesia para as professoras participantes do curso? As
respostas foram colhidas em um dos exercícios propostos. Os procedimentos
foram: a) seleção de um objeto de curiosidade (conceito de poesia); b) escolha
de uma das tarefas em que este tema foi tratado; c) solicitação de autorização
para uso do material produzido pelas professoras; d) leitura e seleção de
trechos adequados à pesquisa; e) escrita das conclusões. Após a autorização das
professoras e tendo substituído seus nomes, dei início à leitura das respostas
enviadas para a tarefa número um – Encontro com a poesia. Nela havia a solicitação
para que cada professor elaborasse uma autoapresentação e, indicasse quando,
como e onde houve seu “encontro com a poesia”.
Resultados
e Discussões: Oito professoras (57,14% do total),
em resposta a primeira tarefa, evidenciaram seu “encontro com a poesia”.
Percebi que a família – pais, mães, tias, avós, primas – foi a primeira
referência de “encontro com a poesia” nas infâncias das professoras,
contrariando a afirmação de Camargo (1999) para quem “a mediação familiar ainda
é pouco significativa” quando se trata de apresentar o gênero a novos leitores. Todas, e aí sim,
Camargo (1999) tem razão, mencionam também a escola, seus livros e professores
exemplares, como co-responsáveis por seu gosto e conhecimento de poesia.
Concluindo, posso afirmar que a parceria iniciada entre o poeta Luis Camargo e
o Grupo de Estudos em Leitura Literária da FaE/UFPel – oportunizou um vínculo
de qualidade. Apesar do volume de tarefas e da variedade de demandas, produziu,
entre os envolvidos, uma reflexão a respeito do tema e da necessidade de
desenvolvê-lo nos primeiros anos escolares.
O PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO EM
JOVENS COM SÍNDROME DE DOWN
Pesquisadora:
Maiara Kringel
Orientadora: Drª.
Gilsenira de Alcino Rangel
O
ensino da matemática prevê pré-requisitos necessários à construção
do pensamento lógico, que podem ser aferidos pelas provas operatórias de
Piaget. Para Weiss, as provas operatórias têm como objetivo principal
determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento
cognitivo, detectando o nível de pensamento alcançado pela criança ou
adolescente, ou seja, o nível de estrutura cognoscitiva com que opera (2003,
p.106). A Síndrome de Down é uma condição genética que se institui no momento
da divisão celular. Normalmente um indivíduo deve ter 23 pares de cromossomos,
totalizando 46. Porém, se nesta divisão algum dos pais contribuir com um
cromossomo a mais e este se acomodar no par 21, caracteriza-se a trissomia do
par 21, que gera a Síndrome. Esta síndrome quanto ao aspecto cognitivo,
normalmente possui um desenvolvimento lento, porém contínuo (RANGEL,
2010). Objetivos: Esta pesquisa teve por objetivo descrever e
analisar a aquisição de pré-requisitos necessários ao desenvolvimento de
relações matemáticas de jovens com Síndrome de Down. Para tanto, aplicou-se e
analisou-se 4 diferentes provas operatórias de Piaget. São elas: conservação de
quantidades, classificação, seriação e inclusão de classes. Métodos e
procedimentos: Esta é uma pesquisa de cunho qualitativo e que, num segundo
momento, será de intervenção. Inicialmente selecionaram-se 6 pessoas com
Síndrome de Down, com idades entre 23 e 36 anos, de ambos os gêneros, alunos do
Projeto de extensão Novos Caminhos desenvolvido na Faculdade de Educação da
UFPel, para aplicar as provas operatórias de Piaget. Cinco deles são alunos da
turma de alfabetização e um aluno da turma do avançado.As provas foram
aplicadas individualmente em uma sala com a pesquisadora e registradas por meio
de vídeos. Como materiais metodológicos utilizaram-se cartolinas
coloridas, palitos de picolé e flores em EVA. Após a aplicação e de acordo com
os resultados, serão planejadas atividades que favoreçam a aquisição destas habilidades.
Resultados
e Discussões: Os resultados indicam que nas provas
de conservação de quantidades e seriação a maioria teve um fraco desempenho; já
nas provas de classificação e inclusão de classes a maioria mostrou um
desempenho melhor. Conclusão: Com os dados obtidos percebeu-se que a
maioria dos sujeitos não possui os pré-requisitos necessários ao
desenvolvimento de relações matemáticas totalmente solidificados. Analisando os
resultados, pretende-se dar continuidade a esta pesquisa planejando atividades
de intervenção que favoreçam a aquisição de habilidades necessárias ao
desenvolvimento de relações matemáticas.
OS
PROCESSOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Pesquisadora: Tamires Jara Goulart
Orientadora: Drª.
Gilsenira de Alcino Rangel
Este trabalho aborda
a questão sobre a avaliação na educação inclusiva. A avaliação tem se mostrado
um desafio para os educadores e essa insegurança pode afetar no desenvolvimento
dos alunos. Há muito tempo se fala em inclusão e formas de preparar os docentes
para receber alunos com algum tipo de necessidade seja ela física, intelectual ou
social. Discute-se muito sobre o direito do aluno com deficiência ingressar nas
instituições regulares de ensino. Mas, e a permanência desses, é garantida
como? Será que as escolas se empenham em manter esse aluno da mesma forma que
se empenham para cumprir a lei? Ou estão apenas cumprindo a lei sem
problematizar a permanência e o desenvolvimento deste aluno? Levando esses
aspectos em consideração, fica o questionamento sobre a avaliação: será que as
formas de avaliar os alunos também progrediram junto com o debate que vem sendo
feito sobre a inclusão?Objetivos: O presente trabalho visa analisar e descrever
os processos de avaliação realizados em uma escola pública de Pelotas, a partir
da visão dos professores, e se essas avaliações levam em consideração o ritmo
de desenvolvimento dos alunos com necessidades específicas.Métodos e
procedimentos: Este trabalho, de cunho qualitativo, caracteriza-se como um
estudo de caso. Num primeiro momento são dois sujeitos, professores da rede
pública municipal de Pelotas. A pesquisa utilizou-se de um questionário
semiestruturado direcionado aos professores, visando à compreensão dos métodos
de avaliação de acordo com a percepção dos mesmos. As perguntas foram
relacionadas ao tempo de experiência na área da educação e os métodos de
avaliação utilizados por eles com seus alunos com necessidades
específicas.Resultados e discussão: Através da análise das entrevistas foi
possível perceber a preocupação dos professores em adequarem seus métodos de
avaliação às necessidades dos alunos com alguma deficiência, porém, na prática
isso não tem funcionado. Eles admitem usar os métodos tradicionais de avaliação
e compreendem que isso dificulta o desenvolvimento do aluno, mas seguem
aplicando provas que, segundo os próprios professores, não fazem sentido. Os
professores também utilizaram muito o termo “socialização” para
se referirem aos alunos com deficiência. Uma das professoras chegou a
afirmar que os alunos com deficiência estavam inseridos na escola mais para
socializar do que para aprender propriamente. Conclusão: Observou-se que o tema
avaliação inclusiva ainda é um desafio para os professores, visto que eles
compreendem a necessidade de modificar os métodos de avaliação, porém não o
fazem (ou não sabem fazer!), ampliando a distância entre o aluno com
deficiência e o aprendizado. Com isso, além de dificultar o desenvolvimento do
aluno, o professor acaba fazendo com que os alunos com deficiência se sintam
incapazes de progredir no seu aprendizado, causando mais exclusão com métodos
de avaliação que não condizem com as capacidades dos seus alunos.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA ESCOLA REGULAR
Pesquisadora: Rafaela
Engrácio de Oliveira
Orientadora: Gilsenira de Alcino Rangel
Introdução: A Sala de recursos Multifuncional é um serviço pedagógico
que suplementa e/ou complementa o atendimento dos alunos da sala de aula
regular. O serviço prestado pela sala de recursos multifuncional é feito nas
escolas onde tem esta sala, que é equipada com materiais e recursos pedagógicos
necessários para atender às necessidades dos alunos que a frequentam. Objetivos: O objetivo deste trabalho é
descrever e analisar como se dá o trabalho de uma professora de sala de
recursos multifuncional de uma escola estadual da cidade de Pelotas, no que se
refere ao planejamento e aplicação das atividades propostas aos alunos que
frequentam a sala. Métodos e
procedimentos: A pesquisa que está sendo feita acerca da sala de recursos
conta até então com uma entrevista semi-estruturada, com questões abertas, de
cunho qualitativo feita a uma professora que trabalha em uma escola estadual,
com foco principal nas questões que falam como funciona a sala de recursos,
como se dá o atendimento aos alunos e como são planejadas as atividades que
serão realizadas nos atendimentos com os alunos. Resultado e discussões: Os resultados indicam que, no tocante ao
planejamento das atividades para os alunos, são conforme o planejamento do
Atendimento Educacional Especializado. Quanto a quais são as atividades, estas
estão de acordo com o que o aluno precisa. No que se refere ao contato com as
professoras das salas regulares para o planejamento das atividades, observou-se
que há este contato, que é uma via de mão dupla onde as duas passam uma para
outra o que o aluno necessita. Sobre o contato que tem com as professoras das
salas de aula regulares para falar sobre o desenvolvimento do aluno, seu
contato é diário e permanente, indo na sala de aula, participando das reuniões
pedagógicas e conselhos de classe. Com relação ao acompanhamento do aluno na
sala de aula regular, é permanente, mantendo contato com as professoras para
tentar resolver as dificuldades dos alunos. No tocante a ter ou não trabalhado
com pessoas com Síndrome de Down, a educadora especial trabalhou em escola
especial e agora na escola tem uma aluna. Sobre a importância da sala de
recursos para os alunos que a frequentam, é fundamental e muito importante, os
próprios alunos se sentem valorizados, além de pedirem auxílio por saberem que
é um lugar onde quem tem dificuldades pode ir. Referente à avaliação do aluno,
é modificada conforme os objetivos que ele tem que atingir, sendo que os
objetivos têm que ser adequados, conhecer o aluno e planejar as atividades de
forma adequada. Conclusão: Pode-se
perceber, através da entrevista feita, que o atendimento nesta sala de recursos
funciona, pois há um entendimento por parte de todos os professores e dos
próprios alunos da importância que esta sala tem, uma vez que, ao possuir materiais
adequados e professores especializados que saibam trabalhar com os alunos e com
as mais variadas necessidades educacionais deles, fica bem mais fácil de fazer
com que este aluno aprenda e alcance os objetivos que ele precisa para avançar
em sala de aula.
Comente com o Facebook: