Ieda Maria Kurtz de
Azevedo é a mais nova petiana egressa aprovada em programa de Pós-Graduação em Educação
Selecionada para uma vaga
no Curso de Pós- Graduação Latu Senso em Educação no Instituto Federal Sul-rio-grandense, recentemente a estudante
de Pedagogia havia sido premiada em Evento na região sul SulPET, 2019, por sua apresentação em
trabalho na área de extensão universitária.
Ieda é um exemplo de estudante que, além de suas atribuições na graduação, soube aproveitar as oportunidades de ensino, pesquisa e extensão que a FaE/UFPel ofertaram. Logo que se graduou, já ingressa em programa de Pós-graduação, um dos objetivos do ensino universitário no Brasil.
O PET Educação parabeniza a estudante e deseja sucesso em sua vida como Pedagoga! Leia aqui o resumo expandido do trabalho premiado.
EXTENSÃO PET EDUCAÇÃO: CONSTÂNCIA E INOVAÇÃO.
IEDA MARIA KURTZ DE
AZEVEDO - Autora
CRISTINA
MARIA ROSA - Orientadora.
1.
INTRODUÇÃO
No trabalho apresentamos ações de extensão do PET Educação
planejadas e desenvolvidas no período 2016-2018. O fio condutor dessas
intervenções de cunho extensionista
e que enfatizam o papel do PET com crianças, professoras e
bibliotecárias de escolas públicas, prioritariamente, é a formação do leitor literário.
Para tal, o PET Educação instituiu um acervo – organizado na Sala de Leitura
Erico Verissimo – e um grupo de estudos em leitura literária, o GELL. Um dos
alicerces de constituição do Programa de Educação Tutorial, a Extensão Universitária
tem como foco a transformação social. Assim, as ações no PET Educação são
deliberadas, o que significa que são planejadas, desenvolvidas e avaliadas a
partir de seu impacto, a fim de redimensionar atitudes e procedimentos. RODRIGUES,
BATALHA, PRATA, COSTA e NETO (2013) conceituam extensão como a possibilidade de
“praticar a teoria recebida dentro da sala de aula”. Para ROSA (2019), o conhecimento
é um processo infindo e é constantemente adquirido quando as teses que dispomos
são testadas e podem ser afirmadas, reformuladas, negadas, substituídas. Para a
pesquisadora, “Nada como um mergulho no mundo real, repleto de contradições e
demandas de variados tipos para percebermos se o que planejamos é exequível,
viável, pertinente, importante”. Em meados do Século XX, Freire (1969) publicou
o texto “Extención o Comunicación?”, no qual propunha aos pesquisadores e
extensionistas o dilema da comunicação entre o mundo do saber organizado em
categorias e regido pela razão e a “vida mesma", em que tradição, crenças,
hábitos e heranças são preponderantes. Para o autor, a questão estava nas mãos
de quem propunha a mudança, ou seja, na sensibilidade de quem quer “humanizar o
homem na ação consciente que este deve fazer para transformar o mundo” (CHONCHOL,
1969). O foco, para Freire (1969), era buscar ser um “educador-educando”. Em
suas palavras, “(...) aos homens se lhes problematiza sua situação concreta,
objetiva, real, para que, captando-a criticamente, atuem também criticamente,
sobre ela”. E complementa:
“Este, sim, é o
trabalho autêntico do (...) educador, do (...) especialista que atua com outros
homens sobre a realidade que os mediatiza. Não lhe cabe, portanto, de uma
perspectiva realmente humanista, estender suas técnicas, entregá-las,
prescrevê-las; (...). Como educador, se recusa a “domesticação” dos homens, sua
tarefa corresponde ao conceito de comunicação, não ao de extensão” (FREIRE,
1969, p. 14).
A
extensão é um diferencial na formação do graduando, pois promove vivências,
contato com a sociedade, experimentação de ideias e projetos e, desse modo,
desenvolvimento do senso crítico. Apresentar à comunidade escolar a leitura
literária e o artefato mais importante da nossa cultura escrita – o livro e
seus atributos – foi a escolha temática central das ações de extensão do grupo
PET Educação. BICALHO (2014) afirma que “a leitura é uma atividade complexa, em
que o leitor produz sentidos a partir das relações que estabelece entre as
informações do texto e seus conhecimentos”. Para Rosa (2019), a alfabetização
literária é o processo de apresentação da literatura – seus atributos
e ritos – a todos: bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.
Composto por três atributos que a adjetivam, a alfabetização literária
prescinde de deliberação, constância e qualificação. Isso significa dizer que a
formação do gosto por ler literatura não pode ser aleatório, eventual e
desprovida de critérios. Ao propor ações extensionistas, o PET Educação busca
educar educando-se, pois é através do contato com a sociedade representada por
diversas pequenas realidades sociais que conhecemos crianças em situação de
aprendizagem: no centro, na periferia urbana, na zona rural e em bibliotecas e
salas de aula, com seus cuidadores e professores. É nessas interações que
apreendemos seus modos de pensar e agir no mundo, seus sonhos e curiosidades e
seus modos de ler o mundo e a palavra.
2.
METODOLOGIA
Na elaboração do trabalho – de
cunho qualiquantitativo – observamos em algumas fontes o rol de ações de
extensão desenvolvidas pelo PET Educação entre 2016-2018. Após, elegemos uma
delas para exemplificar o processo, desde sua proposição até a avaliação do
impacto. Assim, os procedimentos para compor o grupo de ações desenvolvidas no
período foram: 1) Leitura dos
Planejamentos e Relatórios aprovados em 2016, 2017 e 2018; 2) Leitura de publicações no blog do grupo; 3) Observação do banco de imagens
produzidas em todas as ações de extensão; 4)
Escolha de uma das ações desenvolvidas para a apresentação com mais detalhes no SulPET 2019;
5) Seleção de imagens e textos a comporem a apresentação oral no Evento.
3. RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Nos anos de 2016 a 2018, as
ações de extensão do PET Educação foram: a)
Restauro
de duas bibliotecas escolares: na E.E.E.F. Fernando Treptow (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2016/11/28/faculdade-de-educacao-entrega-biblioteca-restaurada-a-escola-fernando-treptow/) e na E.E.E.F.I.
Dr. José Brusque Filho (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2018/07/10/pet-educacao-participa-de-adequacao-de-biblioteca-escolar/); b) Formação de professores leitores através de palestras e cursos
como o “Mediadores em Leitura Literária” (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2016/02/03/fae-promove-segundo-curso-de-mediadores-em-leitura-literaria/) c) Formação de crianças leitoras em programas como o
“Leitura na Escola” (http://saladeleituraericoverissimoufpel.blogspot.com/2017/09/emei-ruth-blank-um-dia-de-leitura.html), o “Leitura para Meninas” (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2017/02/20/leituras-para-meninas-sera-um-dos-eventos-da-fae-para-o-dia-da-mulher/) e o Espetáculo de
leitura teatralizada de contos infantis de João Simões Lopes Neto (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2018/08/16/grupo-da-fae-le-contos-infantis-de-joao-simoes-lopes-neto-as-15h-desta-sexta-17-no-museu-do-doce/); d) Formação de leitores na sociedade através de oficinas,
leituras públicas e espetáculos de leitura como ocorrido no “Mulheres leem Mulheres”
(https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2017/03/06/mulheres-leem-mulheres-no-museu-do-doce/), na “I Semana Internacional dos Saberes Percussivos” (http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2017/11/como-as-historias-se-espalharam-pelo.html), no XII CNEVH, nas leituras públicas de “No Manantial” (https://wp.ufpel.edu.br/prec/2017/12/22/espetaculo-de-natal-leitura-teatralizada-de-no-manantial/) e “Melancia Coco Verde” (https://wp.ufpel.edu.br/prec/2018/12/10/espetaculo-de-natal-leitura-de-melancia-coco-verde/), de João Simões Neto; e) Curso de formação de Bibliotecárias das escolas
municipais em Pelotas, o “Somos Loucos por Livros” (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2018/04/19/gell-promove-curso-somos-loucos-por-livros/). Em todas
essas ações, foi preponderante a existência de um acervo de obras literárias –
organizado na Sala de Leitura Erico Verissimo – e do GELL - grupo de estudos em
leitura literária. Entre os resultados, selecionamos uma relevante ação
extensionista, por sua abrangência, envolvimento e impacto: o restauro de
bibliotecas escolares. O projeto surgiu da ciência de que, na maioria das escolas públicas a biblioteca escolar é um
local esquecido, utilizado como “depósito de livros”, ignorando-se que esse
deve funcionar como um “espaço de circularidade de saberes”, que contribui “na
formação de um cidadão crítico para a sociedade” (SILVA, 1999). Desse modo, nos
propusemos, a convite da gestão,
a organizar e classificar o acervo da biblioteca da Escola Estadual de Ensino
Fundamental Fernando Treptow, localizada na periferia urbana de Pelotas. Ao
perceber que o espaço demandava também uma restauração na arquitetura, decidiu empreender
esforços de modo a oferecer aos usuários um ambiente funcional, agradável
esteticamente e autogestionado. Após a
observação e medição de paredes e aberturas, avaliação de móveis e utensílios e
elaboração de uma planta, as ações empreendidas foram a recuperação do piso e
rede elétrica, pintura de paredes, restauro e customização de móveis e
utensílios, setorização de ambientes (recepção, pesquisa, auditório, leitura
silenciosa e leitura deleite), ambientação do local e classificação e
organização do acervo.
4.
CONCLUSÕES
As ações de extensão promovidas
pelo PET Educação entre 2016 e 2018 têm a constância como seu maior valor e a
elaboração e o desenvolvimento de um novo conceito – a Alfabetização Literária
– como sua maior inovação. Alfabetizar literariamente qualquer cidadão
extrapola as funções profissionais da Pedagogia e se insere no que Freire
(1969) propôs como Extensão Universitária. Reconhecido pela comunidade escolar
– professores, gestores, crianças, servidores e pais – e pela sociedade em
geral, o PET tem recebido constantes convites para reapresentar ou reofertar
palestras, cursos, programas. É essa demanda reiterada que nos leva a
consolidar, com respeito aos atores sociais, as proposições e, na Universidade,
a avaliá-las e aprimorá-las.
5. AGRADECIMENTOS
Os
autores agradecem ao Programa de Educação Tutorial fomentado pelo FNDE/SESu/MEC e dedica o trabalho a todos que colaboraram
direta ou indiretamente com a realização de todas as ações de extensão do PET
Educação.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EXTENSÃO: TU SABES, EU SEI... In:
ROSA, Cristina Maria. Alfabeto à Parte.
Pelotas, 05 abr. 2019. Acessado em 05 abr. 2019. Online. Disponível em: https://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2019/04/extensao-tu-sabes-eu-sei.html
FREIRE,
Paulo. Extensão ou Comunicação? Tradução de Rosisca Darcy de Oliveira.
Prefácio de Jacques Chonchol. 8ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
FREIRE, Paulo. Extensión o comunicación? Santiago
de Chile, Instituto de Capacitación e Investigación en Reforma Agraria, 1969.
LEITURA.
In: BICALHO, Delaine Cafiero. Glossário Ceale: Termos de alfabetização,
leitura e escrita para educadores. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação.
Acessado em 18 set. 2017. Online. Disponível em: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/leitura
PEQUENO GLOSSÁRIO: ALFABETIZAÇÃO LITERÁRIA. In: ROSA,
Cristina Maria. Alfabeto à Parte,
Pelotas, 07 de janeiro de 2019. Acessado em 05 abr. 2019. Online. Disponível
em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2019/01/pequeno-glossario-alfabetizacao.html
RODRIGUES,
BATALHA, PRATA, COSTA e NETO. In: SANTOS, J.H.; ROCHA, B.F. & PASSAGLIO,
K.T. Extensão Universitária e Formação no Ensino Superior. Revista
Brasileira de Extensão Universitária v. 7, n. 1, p.23-28 jan. – jun. 2016
e-ISSN 2358-0399.