Diversidade Cultural na escola: resultados de pesquisa.

 


21 de Maio: Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e Desenvolvimento.

Luzia Martins

 

Resultados de pesquisa...

De um universo de 30 professoras para as quais enviei o questionário, três responderam. O interessante é que cada uma delas representa um dos agrupamentos sugeridos por mim: 1º e/ou 2º ano, 3º e/ou 4º ano e 5º ano.

Como responderam?

Diante da primeira questão na qual eu intencionava saber se as professoras sabiam do Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e Desenvolvimento, duas professoras responderam que não e a terceira escreveu: “Pelo que lembro, essa data foi instituída lá por 2002 e 2003”.

Na segunda questão – cujo foco era o conceito de Diversidade Cultural – as respostas foram: a) É a variedade de culturas; b) Acredito serem todos os aspectos culturais de uma população; c) É o entendimento que existem várias maneiras de crenças, costume e modos de vida. Mais extensamente, uma das professoras escreveu:

 

“Acredito serem todos os aspectos culturais de uma população, podendo ser em uma determinada região por uma etnia, como por exemplo, aspectos da cultura indígena, trabalhados no mês de abril (alimentos mais culinária, tradições, religião, vestimentas, hábitos de higiene, a exemplo de tomar banho todos os dias, que é um hábito herdado dos indígenas). No mês de maio, hoje quando comecei a comentar sobre a abolição da escravatura no português, para depois chegar à história. Penso estar apresentando aspectos que diferem uma cultura de outras, mas que todos contribuem para a formação do povo brasileiro”.

 

Ainda sobre o tema, a terceira professora ouvida por mim acrescentou:

 “É o entendimento que existem várias maneiras de crenças, costume e modos de vida, em diferentes aspectos sociais e pessoais, até mesmo de quem não queira seguir nenhum padrão, nenhum costume ou tradição. Que nenhuma cultura é melhor ou mais importante que outra. Acredito que todas se complementem e acredito que seja necessário repensar o respeito ao diferente e unificar todas culturas, porque somos pessoas independente de nossas tradições ou herança cultural.”

 

Quanto à terceira última questão – Trabalhas com esse tema em sala de aula? Se sim, usas algum material (livros, músicas, referências artísticas, outros)? – as respostas foram: a) Sim, com livros e músicas; b) Sim, esse tema faz parte do dia a dia no meu trabalho; c) Sim, o nosso livro didático de História do FNDE trabalha essas duas culturas. Uma das professoras acrescentou:

“Na sala de aula, cada um tem sua cultura, sua religiosidade, suas crenças e pontos de vista. Estou sempre integrando aos conteúdos "fechados" por meio de conversas informais, relatos, musicalidade, agregando sempre experiências cotidianas, pessoais dos alunos, de notícias ao trabalho escolar, devido à importância desse tema na sociedade. A meu ver, ainda tem que ser muito debatido no que diz respeito às diferenças. Acredito que seja algo ainda em construção”.

 

E a terceira professora, a que referiu-se ao livro de história, complementou: “Busco músicas na internet e textos do tipo “Menina bonita do laço de fita”. Também trabalho mais sobre a cultura africana no mês de novembro.”

 

Considerações...

Através da interação que as professoras proporcionaram, foi possível notar que a diversidade cultural, além de estar presente, nos corpos e pensares na sala de aula, é tratada e discutida com as crianças desde o primeiro até o quinto ano.

No que se refere aos materiais utilizados, uma complementação à reposta capturou minha atenção: a professora informou trabalhar com dois tipos/gêneros de textos: didático e literário.

Concordo com Graça Paulino que afirma que o “saber literário compõe o conjunto de saberes docentes ligados ao trabalho cotidiano em sala de aula, mesmo quando esse trabalho não está diretamente ligado ao ensino de língua e literatura”. Assim, penso que utilizar textos literários na abordagem de temas escolares pode agregar valor à aquisição de conhecimento. Seja para deleite, para introduzir um tema, para trabalhar algum conteúdo especifico, enfim, os livros são grandes aliados das/dos educadoras/educadores.

Concluindo...

A diversidade cultural é um fenômeno que se refere à existência de uma grande variedade de culturas antrópicas, ou seja, resultantes da ação do homem no ambiente e na natureza. Há vários tipos de manifestações culturais que revelam essa variedade: a linguagem, as danças, o vestuário, as religiões e até mesmo a organização da sociedade.

Este fenômeno – a diversidade cultural –está sempre em modificação, considerando que as culturas, por si só, se movimentam e permeiam muitos ambientes. A escola pode e deve ser um ambiente propício para o conhecimento, aprofundamento e diálogo sobre o tema. Com a pesquisa pude perceber que o tema não é desconhecido e que integra as ações das professoras, o que é alentador.

Ressalto, por fim, a importância de incluir o tema “Diversidade Cultural” nos conteúdos escolares para que nossa sociedade seja mais includente. Almejo que pensar e dialogar sobre este tópico deve ser pautado pelo respeito ao outro e que esse “outro” seja considerado.

Penso, por fim, que o tema exige diversidade de materiais (livros, filmes, jornais, memórias), autores, pautas e abordagens também diversas. Só assim viveremos uma diversidade cultural livre de preconceitos!

 

Referências:

BAVARESCO, Ricardo; TACCA, Daiane Paula. Multiculruralismo e Diversidade Cultural: Uma Reflexão. Unoesc & Ciência. 2016.

RAMALHO, Lays da Silva. Diversidade Cultural na Escola. Rio de Janeiro.  Rev. Diversidade e Educação, 2015.

UNESCO (2017). Convenção sobre a Proteção da Diversidade de Conteúdos Culturais e Expressões Culturais. Disponível em: <http://www.ibermuseus.org/wp-content/uploads/2014/07/convencao-sobre-a-diversidade-das-expressoes-culturais-unesco-2005.pdf>. Acesso em 17 de maio. 2021.

UNESCO, 2020. No Dia Mundial da Diversidade Cultural, UNESCO apoia a campanha Be The One. Disponível em: <https://pt.unesco.org/news/no-dia-mundial-da-diversidade-cultural-unesco-apoia-campanha-be-one>. Acesso em 17 de maio. 2021.

20 de maio: Dia do Pedagogo

 


Dia do Pedagogo.

Cinara Tonello Postringer

        

Como de costume, eu e meus colegas, sempre fazemos uma matéria para publicar no blog do Pet Educação, referente a datas comemorativas do nosso calendário, entre outras matérias, é claro! Esse mês não foi diferente. Comprometi-me a escrever sobre o dia de hoje, dia do Pedagogo.

Essa data foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.083/2015 e é uma forma de reforçar a importância dos profissionais que planejam, executam e coordenam tarefas distintas e muitas vezes complexas na área de Educação.

Percebo que, mesmo estando em uma instituição na presença de vários outros profissionais, os Pedagogos que atuam em salas de aula têm uma rotina solitária: sozinho, responsável por uma turma de alunos e, quase sempre, com vasta carga horária a ser cumprida.

O que move esse sujeito diante da responsabilidade de ensinar?

Historiando...

Nesse texto, te conto um pouco da história da Pedagogia. A palavra tem origem na Grécia antiga e foi composta a partir das palavras: “paidos” – que significa “da criança” – e “agein”, conduzir. Por isso, a Grécia é considerada o berço da Pedagogia. Foi lá que nasceram as primeiras ideias sobre ação pedagógica. De lá, parte das reflexões que influenciaram a educação na cultura ocidental. E, desse primeiro momento, a imagem do Pedagogo como “responsável pela formação de crianças”.

Debates...

Nos séculos XVII e XVIII muitos debates no campo da educação surgiram. Como foco, a importância de atualizar os processos pedagógicos e rever o próprio conceito de infância. Um nome importante deste período é Jean Jacques Rousseau, filósofo iluminista que, ente outras posições, afirmou que crianças deveriam ser educadas, sobretudo, com liberdade! Almejava, também, que pudessem viver cada fase da infância na plenitude de seus sentimentos.

 No final do século XIX e princípios do século XX, os debates sobre educação e, principalmente, as novas pesquisas no campo da psicologia do desenvolvimento e aprendizagem com ênfase na criança levaram a reflexões, pesquisas e experiências pedagógicas envolvendo métodos de ensino, as relações pedagógicas e as possibilidades e limites dos diferentes contextos educativos, dando corpo a vários movimentos, dentre eles o da Escola Nova e a Pedagogia Waldorf.

Século XX...

No recém finalizado século XX, a Pedagogia foi se institucionalizando como campo de conhecimento científico e profissional. Podemos observar esse fenômeno por alguns elementos como:

ü A formação acadêmica passou a ocorrer nas Universidades em cursos superiores;

ü Os currículos são nacionalizados e cuidam dos assuntos relacionados à educação por excelência;

ü Existem leis que regem a Pedagogia como ensino, e, por isso é uma Licenciatura.

 

Mais, em breve...

21 de maio: diversidade cultural

 


21 de Maio: Dia Mundial da Diversidade Cultural 
para o Diálogo e Desenvolvimento.

Luzia Martins

 

No dia 21 de maio que se aproxima, é fundamental considerar que há um dia para pensarmos sobre a Diversidade Cultural.

No site da UNESCO, há um texto do qual extraí um excerto, sobre esta data:

 

Celebrado todos os anos em 21 de maio, o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2002, após a aprovação pela UNESCO da Declaração Universal sobre Diversidade Cultural de 2001, que reconhece a necessidade de "aumentar o potencial da cultura como meio de alcançar prosperidade, desenvolvimento sustentável e coexistência pacífica mundial". (UNESCO, 2020)

 

Assim, a data é uma oportunidade para refletirmos e zelar pelas mais diversas culturas, buscando visibilizar a sua importância, como fatores de inclusão e desenvolvimento para a sociedade.

Em 2005, a UNESCO promoveu a “Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais”. No texto oficial, ratificado pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo 485/2006, encontramos:

 

“Diversidade cultural” refere-se à multiplicidade de formas pelas quais as culturas dos grupos e sociedades encontram sua expressão. Tais expressões são transmitidas entre e dentro dos grupos e sociedades. A diversidade cultural se manifesta não apenas nas variadas formas pelas quais se expressa, se enriquece e se transmite o patrimônio cultural da humanidade mediante a variedade das expressões culturais, mas também através dos diversos modos de criação, produção, difusão, distribuição e fruição das expressões culturais, quaisquer que sejam os meios e tecnologias empregados (UNESCO, 2006).

 

Entende-se então, que a Diversidade Cultural é um fenômeno complexo e bastante útil para pensarmos nas nossas posturas e expressões, enquanto agentes e provedores de culturas que diariamente se movem e recriam.

 

Diversidade Cultural na Escola.

Quando buscamos relacionar a Diversidade Cultural com a escola, seus currículos e metodologias, é frequente a “confusão” com o tema “Multiculturalismo”, que, de forma geral, é a presença e a valorização de diversas culturas no mesmo ambiente, como por exemplo, nas salas de aulas e escolas. Para Bavaresco e Tacca (2016), esse termo significa a valorização da diversidade cultural. O objetivo seria:

 

 

“(...) eliminar preconceitos e estereótipos construídos historicamente, procurando formar uma sociedade alicerçada no respeito e dignidade do outro com suas diferenças. Portanto, é preciso pensar nas diferenças dentro de suas “diferenças”, e o multiculturalismo abre espaço para refletir a complexidade e as divergências classificatórias da atualidade. O multiculturalismo é o reconhecimento das diferenças e da individualidade de cada um.

 

E na escola? Como o “Multiculturalismo” é visto e pode ser vivido por parte dos educadores e educandos?

Os autores Ricardo e Daiane (2016) escrevem sobre isso:

 

A escola por se configurar como espaço legítimo onde ocorre o processo de socialização, é o ambiente no qual mais se discute a questão da diversidade – cultural racial e social. Para que este processo aconteça é necessário o convívio multicultural que implica respeito ao outro e ao diálogo com os valores do outro. O multiculturalismo ocorre a partir de interações sociais na escola, que implica, especialmente, a aprendizagem do aluno. As experiências vividas em sala de aula ocorrem, inicialmente, entre o ambiente e os colegas que ali estão envolvidos com o educador. Nesse caso o educador precisa ter um bom planejamento e ser um bom mediador para fazer a diferença na aprendizagem dos educandos”, in: Bavaresco e Tacca (2016).

 

Observando o acima exposto, a escola seria ou é um dos ambientes em que a Diversidade Cultural está mais presente e em movimento. O contato cotidiano com diversas pessoas culturalmente diferentes ou não, é uma oportunidade incrível para trazer esse tema como fonte de uma concepção de sociedade que esperamos ter, considerando que os preconceitos e exclusões culturais ainda existem.  Pensando nisso, concordamos com outra autora, que sugere:

 

[...] sugerimos algumas providencias que podem ser tomadas para a valorização da diversidade cultural nas escolas, tendo como base diferentes autores que discutem o tema. Percebemos a necessidade de essas abordagens serem trabalhadas em salas de aula, partindo das séries iniciais, para que as crianças desde a infância se familiarizarem com a temática, evitando assim possíveis estranhamentos. Por exemplo, se a criança desde pequena entender que o Brasil é um país enorme, e que em determinadas cidades as pessoas falam com sotaques. (RAMALHO; 2015).

 

A diversidade no olhar de professores em Pedro Osório, RS.

Para saber o que pensam sobre o tema, decidi conversar com professores que atuam em escolas públicas do município de Pedro Osório, onde resido. Assim, ouvi educadoras do primeiro ciclo de alfabetização – 1º ao 5º ano escolar.

Metodologia:

As quatro escolas públicas do município foram contatas no dia 12 de maio. E um áudio, enviei às professoras mediadoras a solicitação de que convidassem educadoras a participarem da pesquisa. As plataformas usadas para a consulta foram o whattsapp e um questionário Google, com as seguintes questões: Com qual ano escolar trabalhas? Tinhas conhecimento da data? Para ti, o que é diversidade cultural? Trabalhas com esse tema em sala de aula? Se sim, usas algum material (como livros, músicas, referências artísticas, entre outros...)?

Em breve, os resultados...


18 de maio Combate ao Abuso e Exploração Sexual

 


18 de maio: um dia para o c
ombate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes

Laura Vitória Gomes

 

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é instituído pela Lei Federal nº 9.970 de 2000 e pensado para a conscientização social sobre a gravidade da violência sexual com menores de idade. A data 18 de maio foi escolhida para dar visibilidade ao assassinato de Araceli Crespo, de oito anos, morta em 18 de maio de 1973. Mesmo que o crime tenha chocado o Brasil, ficou impune, pois os suspeitos eram pessoas influentes.

A data

Longe de ser uma data feliz, este dia nos indica o desafio que devemos enfrentar enquanto sociedade para combater crimes bárbaros que, lamentavelmente, vêm crescendo ainda mais com o contexto de pandemia que estamos vivendo.

O crescimento se dá, pois, de acordo com o Ministério da Saúde, 73% dos casos de abusos sexuais ocorrem dentro do ambiente familiar, e normalmente o abusador é algum familiar ou alguém próximo da vítima.

As denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, mas, estima-se que, a grande maioria dos casos não são denunciados, pois a família escolhe acobertar o agressor ou a vítima sente vergonha, medo de contar ou até mesmo desconhece que está sendo violentada.

Como a educação sexual pode ser uma das armas nessa luta?

A educação sexual pode servir como um suporte para o combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes, em especial se esta for oferecida na escola. Isto porque, de acordo com os diversos estudos, uma criança com maior conhecimento sobre o tema, de modo que consiga diferenciar carinho de um toque indevido, conhece o próprio corpo e sabe que ele é só seu, desenvolve a capacidade de dizer “não”.

Outro ganho são as estratégias de autoproteção, como contar a alguém de confiança. Neste caso, tem menores chances de sofrer a violência, principalmente de forma contínua, como normalmente ocorre.

Para elucidar esse fato, destaco a pesquisa realizada por Gibson e Leitenberg (2000), que teve como principal objetivo descobrir se as taxas de abuso sexual infantil se diferenciavam entre mulheres da graduação que participaram de programas escolares de prevenção do abuso sexual infantil durante a infância e as que não participaram. Os resultados apontaram que o percentual de vitimização era menor entre as mulheres que haviam passado pelos programas, evidenciando que informar as crianças a respeito do tema é um excelente método de protegê-las da violência.

Colaborando com essas conclusões, de acordo com Jacobs e Hashima (1995), a percepção de situações de risco de abuso sexual aumenta quando as crianças participam dos programas escolares de prevenção, o que as torna mais vigilantes e atentas, menos propensas a serem vítimas da violência.

E a sociedade?

Por razões principalmente culturais, a sociedade ainda aborda o tema sexualidade nas escolas, especialmente para crianças pequenas, com receio, restrições e uma série de preconceitos e falsas ideias, como as de que a educação sexual serve para ensinar crianças sobre sexo, ou induzi-las a praticarem o ato sexual. Além disso, ainda se perpetua a ideia de que o assunto deve ser abordado somente pela família, que na maioria dos casos não o faz forma satisfatória ou nem mesmo toca no assunto. Isso tudo influencia diretamente a ausência de discussões sobre o tema nas escolas e nos cursos de formação de professores.

Para que a educação sexual obtenha sucesso em seus propósitos, é necessário saber quais as melhores formas de trabalhá-la, entendendo as especifidades das abordagens com diferentes idades.  Sobre isso, o site Childhood Brasil oferece algumas dicas, vejamos como exemplo os conceitos adequados para se abordar com crianças de quatro até sete anos:

 Os corpos de meninos e meninas mudam quando crescem;

 Regras sobre limites pessoais (como não tocar em partes íntimas de crianças);

 Respostas simples a todas as perguntas sobre o corpo humano

 Abuso sexual é quando alguém toca em suas partes ou pede que você toque em suas partes íntimas;

 É abuso sexual, mesmo que seja por alguém que você conhece;

 Abuso sexual nunca é culpa da criança.

 Se um estranho tenta levá-lo com ele ou ela, correr e contar para os pais, professor, vizinho, policial ou outro adulto

Livros sobre o tema...

Há, ainda, livros desenvolvidos por pedagogos, psicólogos e educadores sexuais que tratam da temática de prevenção ao abuso sexual de uma forma mais didática para crianças pequenas, como por exemplo Pipo e Fifi, de Caroline Arcari, Não me Toca seu Boboca, de Andrea Taubman e O Segredo de Tartanina, de Alessandra Rocha Santos Silva e Sheila Maria Padro Soma e Cristina Fukumori.

Concluindo...

Diferente do que comumente se pensa, trabalhar educação sexual na escola é um mecanismo de dar voz às vítimas e conscientizá-las de seus direitos sobre o próprio corpo, sendo uma das formas que sociedade deve utilizar para proteger as crianças e os adolescentes da violência sexual.

03 de Junho: Dia Nacional da Educação Ambiental

 

Em defesa de uma educação ambiental crítica

Cuore, de Alex Nuñes

Laura Vitória Gomes

Neste dia 3 de junho comemoramos o Dia Nacional da Educação Ambiental, uma data instituída pela lei 12.633/2012, pela ex-presidente Dilma Rousseff. O objetivo foi relembrar a necessidade e a importância das políticas e práticas educativas voltadas para a preservação ambiental e a sustentabilidade.

Algumas reflexões...

No Brasil, a partir da década de 1980, as questões ambientais passaram a ser mais discutidas e, poucos anos depois, a educação ambiental se tornou conteúdo curricular presente nas instituições de ensino do país e sua importância foi reconhecida.

No entanto, a realidade envolve um paradoxo: mesmo que a educação ambiental esteja ganhando cada vez mais espaço na sociedade, a degradação ambiental é muito maior do que no passado e cresce continuamente. Como explicar isso? Segundo Mauro Guimarães (2013), há o consenso de sua importância, mas a concepção de educação ambiental não é única, há diferentes propostas que representam diferentes visões de mundo. Em seu escrito, ele menciona a perspectiva conservadora e a perspectiva crítica.

 

Um pouco mais de cada uma...

1.            Perspectiva conservadora: é um projeto de educação que serve aos interesses da lógica do mercado. Por meio de soluções tecnológicas, prevê a conciliação entre o modelo de desenvolvimento atual e a preservação do meio ambiente. Nesta concepção, a solução para os problemas ambientais decorre da transformação individual, deixando de lado as relações sociais, econômicas e culturais que provocam a degradação ambiental.

2.            Perspectiva crítica: trabalha com a reflexão sobre as relações hierárquicas e exploradoras entre os seres humanos e, também, ser humano e natureza, justificadas pelo pensamento individualista e antropocêntrico. Envolve a compreensão da realidade para intervir nela, pois é necessário que haja uma verdadeira mudança de paradigma, uma transformação nas relações de produção e de consumo.

 

E nas escolas?

A perspectiva que predomina nas escolas e em toda a sociedade é a conservadora, o que torna as práticas educativas sobre a temática, mesmo que bem intencionadas, não tão eficientes na construção de uma realidade sustentável. Isso, porque, essa perspectiva não confronta a razão do problema, responsabilizando o indivíduo e cobrando uma solução somente a partir de comportamentos individuais ecologicamente corretos, desconsiderando as condições sociais em que ele está submerso e que muitas vezes o impedem que, mesmo querendo, colabore para a sustentabilidade.

Futurando...

A aplicação da perspectiva crítica poderia fortalecer o estudo da educação ambiental, pois se torna mais útil se pensarmos em uma educação que leve o sujeito a intervir no mundo para transformá-lo. Transformar, sim, pois se a estrutura social atual está nos levando a uma degradação do ambiente tão grande ao ponto de ameaçar a vida na Terra, ela deve ser problematizada e mudanças radicais devem ser pensadas, outras propostas correm sério risco de serem medidas que apenas adiem o colapso total.

Uma educação que ensine os indivíduos a utilizar dos meios de agir de modo sustentável que estão disponíveis a ele, isto é, fazer o que pode no meio em que está inserido, mas jamais conformá-los a essa realidade. Deve também, principalmente, abordar a reflexão crítica das questões motivadoras dos problemas - históricas, políticas, econômicas, culturais -, superando a condição alienadora, levando à mobilização, a intervenção no mundo.

Por fim...

A proposta é construir uma nova ética, que pense no ser humano não como centro, mas como uma parte entre tantas que se inter-relacionam, de um todo complexo chamado meio ambiente. Assim, estabelecendo relações mais harmônicas e igualitárias com a natureza e com seus semelhantes.

 

Referências:

 

GUIMARÃES, Mauro. Por uma Educação Ambiental crítica na sociedade atual. Revista Margens Interdisciplinar. V. 7, n. 9, 2013.

 

MELLO, S.; TRAJBER, R. (Orgs.). Vamos cuidar do Brasil com as escolas: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Brasília: MEC/CGEA; Unesco. 2007.