9 de agosto: Dia
Internacional dos Povos Indígenas
Angélica Karsburg
Valdoir Simões
Os povos indígenas,
originários das terras – matas, margens, rios, planícies e serras – brasileiras,
são parte constitutiva da humanidade. Em alguns países do mundo, são
valorizados e integrados. Em outros, perseguidos e dizimados. Em alguns, não
mais existem.
No Brasil, herdamos
costumes – o banho diário, por exemplo – culinária, construção de abrigos
impermeáveis, arquitetura original, a caça e a pesca, o cultivo e uso de plantas
medicinais e mais uma infinidade de talentos oriundos dos diferentes povos que habitaram
e ainda vivem, de muitos modos, nas cercanias de nossas cidades ou no mais
profundo mistério das florestas. Eles nos legaram, também, uma poética: um mundo
imaginário, repleto de lendas, crenças, arte, música, vozes, sons que
oportunizou um léxico rico e inspirou importantes escritores brasileiros. O
Guarani, de José de Alencar (1958), é uma obra que apresenta esse mundo em sua plenitude
a todos nós.
Diversos povos habitavam o Brasil antes da
chegada dos portugueses e eles foram nomeados “índios” por um erro de rota nos
projetos das caravelas portuguesas. Possuíam cultura, religião, hábitos e
costumes. Os europeus, invasores, travaram um comércio com muitas das tribos,
em busca das riquezas que aqui havia em abundância e, nessas negociações, o
Brasil perdeu muito. Resistindo desde 1500, sabemos pouco de nossos originários.
ONU e uma data
Desde o ano de 1995,
o dia 9 de agosto passou a ser conhecido como o Dia Internacional dos Povos
Indígenas pela Organização das Nações Unidas — ONU.
Essa data foi
escolhida para garantir as condições de existência aos povos indígenas de todo
o planeta e a garantia aos direitos humanos. Também foi criada como forma de
tentar combater os ataques sofridos por esses povos no seu território,
principalmente pelos povos europeus.
Uma enquete sobre os
povos indígenas...
Sabendo da
importância da data, nós do grupo PET Educação, estudantes de Pedagogia na Universidade
Federal de Pelotas, decidimos descobrir se outros estudantes conhecem a data e seu
valor para a humanidade. Para isso, lançamos uma pergunta para um grupo
composto por quarenta e oito estudantes, pelas redes sociais. A mensagem
enviada ao grupo foi a seguinte:
“Olá, nós do grupo PET
Educação da Universidade Federal de Pelotas — UFPel, estamos realizando uma
pesquisa sobre o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Gostaríamos de saber se
você tem conhecimento da data em que é comemorado esse dia?”.
Sebastião Salgado e suas imagens inconfundíveis: um modo de preservar a cultura dos povos originários. |
As respostas...
Dos quarenta e oito
entrevistados, quarenta e quatro não tinham conhecimento sobre a data. Os
demais, apenas quatro, sim. Uma das pessoas, inclusive, mencionou em sua
resposta que nunca havia ouvido falar sobre a data. Interessante, também foi
que dezoito pessoas por nós contatadas “confundiram” o Dia Internacional dos
Povos Indígenas com o Dia do Índio, que, no Brasil, é comemorado no dia 19 de
abril, data essa que foi instituída no dia 2 de junho de 1943 pelo então
presidente da República Getúlio Vargas.
De 1943 a 1995,
temos 52 anos de diferença, e a data que completou 77 anos em 2020 está mais
presente entre os que não sabiam a data e acabaram por confundir, do que a data
mais recente que completa os seus 25 anos nesse dia 09 de agosto de 2020.
Interesse
Entre os 48 respondentes,
três se mostraram interessadas em saber detalhes sobre essa escolha da ONU e
solicitaram mais informações a nós, do PET Educação, após o fim da enquete. Um
dos entrevistados – estudante quilombola – afirmou que iria anotar a data, significativa,
segundo ele.
Concluindo:
Antes mesmo de ser
publicada aqui no Blog, percebemos o efeito de uma pergunta simples: ela informa
pessoas acerca de um tema que pode ser ignorado ou pouco conhecido. Assim,
entendemos que a enquete rendeu frutos positivos.
A segunda conclusão
por nós aqui expressada é que uma pequeníssima parcela do grupo de informantes conhecia
a data e seu valor. Fica a pergunta: Por que estudantes universitários ignoram
homenagens da ONU?
Consideramos, como
futuros professores, que a data e a homenagem foram criadas com o intuito de defender
e garantir direitos. Sabemos, também, que não consegue assegurar de forma efetiva todas
as violências acometidas contra os povos indígenas. Esperamos que, com a
pesquisa, as pessoas tomem conhecimento sobre a data e sobre o que tem por trás
dela, que conheçam a história desses povos e que a respeitem.
Viva e deixe viver!
Bônus:
ALENCAR, José de. O
guarani. Rio: José Aguilar, 1958.
PERES, Marcos
Flamínio. O quarto de Ceci: paisagem, natureza-morta e desejo em O guarani, de
José de Alencar. Alea [online]. 2019, vol.21, n.3, pp.17-32. Epub
Nov 11, 2019. ISSN 1807-0299.
http://dx.doi.org/10.1590/1517-106x/20192131732.
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