“A Leitura de estudantes de Pedagogia em 2019: Primeiro e Segundo
Semestre”, elaborado pelo estudante Valdoir Simões Campelo é mais
um dos trabalhos apresentado no CI/UFPel 2019 que tu vais conhecer agora. A
seguir, o resumo completo enviado ao evento que foi apresentado no dia 22 de outubro
de 2019.
1. INTRODUÇÃO
No
trabalho apresento alguns resultados de uma investigação sobre o tema Leitura
Literária entre estudantes que ingressaram na Licenciatura em Pedagogia da
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas no ano de 2019. Como corpus considerei os estudantes que
estão frequentando a Licenciatura atualmente, tendo ingressado parte em março
(2019/1 – diurno) e os demais em agosto (2019/2 – noturno). Integrada à
pesquisa “Perfil leitor do estudante de Pedagogia FaE/UFPel: 2017-2020”, selecionei um grupo de questões – seis – entre as 20 da
pesquisa ampla. O intuito foi conhecer se os estudantes do 1° e 2º semestres da
Licenciatura em Pedagogia declaram gostar de ler, o que costumam ler, se há
preferência por algum tipo de texto ou portador de texto, qual o local e
período do dia em que mais conseguem ler e qual seu livro predileto.
Pesquisadores
como Lígia Cademartori (2014), Ana Maria Machado (2002), Graça Paulino (2014) e
Regina Zilberman (2005), concordam que o texto literário deve ser ponto de
partida para a alfabetização literária de qualquer pessoa. Já Tzvetan Todorov (2010) nos ensina que a principal função de um professor
é iniciar as crianças e os jovens “nessa parte tão essencial de nossa
existência que é o contato com a grande literatura” e que a escola deveria “ensinar os alunos a amar a
literatura”. A leitura, para a Pedagogia, é essencial. Cabe a esse
profissional, na escola, ser ponte entre os livros, seus autores e ilustradores
e os estudantes, pois toda iniciativa realizada na base da escolarização reverbera
em desenvolvimento cognitivo e imaginativo.
2.
METODOLOGIA
De cunho qualitativo
– por estar interessada em “compreender e explicar a dinâmica das relações
sociais que, por sua vez, são depositárias de crenças, valores, atitudes e
hábitos” e que tem como objeto de interesse a “vivência, a experiência, a cotidianidade
e a compreensão das estruturas e instituições, de acordo com Minayo (2002, p.
24) –, a pesquisa “Perfil leitor do estudante de Pedagogia FaE/UFPel:2017-2020” vem sendo desenvolvida por diferentes estudantes bolsistas
do PET Educação. Tem como foco conhecer e descrever hábitos literários,
autores, gêneros e títulos preferidos e as influências do ensino superior nas
escolhas do que e quando ler.
A
metodologia de pesquisa é descrita por Minayo (2002, p. 16) como a confluência
de “concepções teóricas de abordagem”, “conjunto de técnicas” que possibilitam
a observação e análise da realidade e a influência do “potencial criativo do
investigador”. Para a autora, a pesquisa qualitativa “responde a questões muito
particulares” e se preocupa com “um nível de realidade que não pode ser
quantificado” (MINAYO, 1994, p. 21). De acordo com essa abordagem, optei por
dar visibilidade a algumas respostas propostas pelo questionário que, desde
2017, vem sendo respondido por turmas da Pedagogia. Nele há 20 questões e, neste
recorte, escolhi considerar as respostas de ingressantes em 2019 (1º e 2º
semestre letivos) às seis primeiras questões. O intuito foi conhecer se gostam de
ler, o que costumam ler, se há preferência por algum tipo de texto ou portador
de texto, qual o local e período do dia em que mais conseguem ler e qual seu
livro predileto.
3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entendo por
metodologia “o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da
realidade” (MINAYO, 2002, p. 16). Assim, entre os resultados, o meu
amadurecimento como pesquisador. Penso que agora, após esse ensaio, estou mais
preparado para o próximo. A partir das leituras das respostas colhidas nas duas
turmas (50 estudantes na 2019/1 e 42 na 2019/2) pude
perceber: a) No que se refere ao tempo
disponível para leitura, 47,7% dos que estudam à tarde e 39,1% dos que estudam
à noite indicaram ler à noite; b) O local
que leem com mais frequência é a casa para 52% dos que estudam à tarde e 48,1%
na outra; c) Os estudantes disseram
que costumam ler livros físicos (16,4% da turma diurna) e livros (12,1%) ou Facebook (12,1%) os estudantes noturnos;
d) Perguntados se gostam de ler,
responderam que gostam muito (34% turma diurna) e 33,3% da noturna; e) Ao revelar o gosto a respeito de portadores de texto atribuindo
entre 1 para “menos gosto” até 10 para “mais gosto”, observei os seguintes
resultados: Entre estudantes que estudam à tarde, em 1º lugar aparecem livros,
em 2º o Celular, em 3º o Face book, em 4º Posts na internet, em 5º textos da
faculdade, em 6º Revistas, em 7º Panfletos/encartes/catálogos, em 8º Jornais,
em 9º Gibis e em 10º, Obituários. A turma de estudantes que frequentam a
Pedagogia à noite indicou gostar mais de ler livros, depois mensagens e demais
no Celular. Em 3º aparecem textos da faculdade, em Posts na internet, em 5º Facebook,
em 6º Gibis, em 7º Panfletos/encartes/catálogos, em 8º Revistas, em 9º
Jornais e em último, Obituário.
Outra
revelação interessante foi a respeito dos livros prediletos. Apesar de 12
estudantes (24%) afirmarem não ter livros prediletos, dois responderem “Quero um predileto”, um dizer que não tem livros, um indicar um autor
(Augusto Cury) em vez de um título, outro indicar um gênero literário
– Romance Espírita – e um escolheu um texto científico
– Vigiar e Punir, de Michel Foucault. Os prediletos da turma que estuda à tarde são: A Culpa é das Estrelas (cinco indicações), O Pequeno Príncipe (três),
Cidades de papel (duas), Contos Brasileiros (duas) e Sapiens: uma breve
história da humanidade (duas). Os demais títulos foram mencionados uma vez cada
e são: 20 Dicas de ouro para educar alunos e filhos, A Cabana, A noite que não
acabou, A seleção de Kiera Cass, A sútil arte de ligar o foda-se, A trilogia senhor
dos anéis, Ana terra, Bíblia, Carandiru, Como eu era antes de você, Desventuras
em série, Do coração de Telmah, Do seu lado, Dom Casmurro, Fazendo meu filme,
Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban, Minhas férias, pula uma linha parágrafo,
O homem mais inteligente da história, O príncipe encantado, O segredo, O
símbolo perdido, Onde deixarei meu coração, Percy Jackson, o ladrão de raios, Saga
Crepúsculo, Sussurro, Um Certo Capitão Rodrigo, Um Gato De Rua Chamado Bob.
A turma que
estuda à noite escolheu os seguintes títulos, indicados apenas uma vez cada: 50
tons de cinza, A menina que roubava livros, A seleção, A última música,
Co-dependência, Crônicas de Nárnia, Depois daquela viagem, Garota do calendário,
Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban, Mais lindo que a lua, Misto quente, O
monge e o executivo, O mundo de Sofia, Ninguém desvia o destino, O doador de
memórias, O pequeno príncipe, Por lugares incríveis, Quem é você Alaska Quero
um predileto, Uma curva na estrada. Além destes, seis pessoas mencionaram
gêneros literários em vez de um título – Contos, Contos de Fadas, Literatura
Africana, Literatura Infantil, Romance e Suspense. Uma citou um romance
histórico – As veias abertas da América Latina – e três mencionaram autores em
vez de títulos – Bukowski, Kiera Cass e Umberto Eco. Uma pessoa mencionou o
livro Alfabetização: a questão dos
métodos, de Magda Soares e onze estudantes declararam não ter livros
literários prediletos.
3.
CONCLUSÕES
Observando as respostas obtidas na leitura
dos questionários respondidos pelas duas turmas de estudantes de Pedagogia,
algumas conclusões são possíveis. Estando no segundo semestre da Licenciatura, é incrível que
12 estudantes tenham declarado não ter livros prediletos. Se adicionados aos
dois que responderem “Quero um predileto” e ao que
afirmou não ter livros, o grupo sem predileção chega a 30% da turma. No
entanto, a mais intrigante
conclusão aparece quando observo as respostas da turma que estuda à noite, na
qual 22 estudantes (52,38% do total da turma não indicou livros literários). Os
estudantes de Pedagogia não leem?
5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CADEMARTORI, Lígia. Literatura
Infantil. Glossário CEALE, 2014.
Disponível em: <http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/literatura-infantil>. Acesso
em 02/09/2019.
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais
desde cedo. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2002.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.).
Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
Disponível em: <http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1428/minayo__2001.pdf.
>. Acesso em 03/09/2019
PAULINO, Graça. Leitura Literária. Glossário CEALE, 2014. Disponível em:
<http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/leitura-literaria>.
Acesso em 02/09/2019.
QUEIRÓS, Bartolomeu Campos
de. Manifesto por um Brasil literário. Disponível em: <http://www.brasilliterario.org.br/manifesto.php>.
Acesso em 02/09/2019
TZVETAN,
Todorov. A literatura em perigo. Rio de
Janeiro: Difel, 2009.
ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. São
Paulo, Global, 2003.
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