Compartilhar emoções: PET e o encontro de contadores


Os livros compartilhados
Cristina Maria Rosa
Tutora PET Educação

O que há nos livros que os tornam tão misteriosos, repletos de segredos, impossíveis de serem ignorados? Por que, apesar de tantos dispositivos para não ler, aficionados ainda insistem em permanecer horas concentrados, imersos e desligados, folheando e imaginando? Afinal, o que há nos livros que os tornam insubstituíveis?
 A frequente pergunta a quem os defende e cultua foi respondida recentemente por uma das maiores escritoras do Rio Grande do Sul. Para Lia Luft, nos livros há “experiências impossíveis no cotidiano, viagens, aulas de psicologia, de história. Sensibilidade e emoção, aventura, diversão e crescimento pessoal” (LUFT, 2017, p. 04).
Para mim, o livro e a leitura de seus segredos é a única experiência essencialmente individual. Não há como dividir o que sentimos quando estamos lendo.
Apesar disso, tentamos.
E são as tentativas de impactar os demais com nossas emoções que nos tornam mediadores. Assim, o processo de apresentação deliberada do livro, seu autor e trama aos outros é uma forma de compartilhamento do impossível: o prazer da escolha, o significado do lido, as emoções e conexões vividas. Mais que isso: é uma forma de legar sentidos! 
Tentemos...

Leitura na escola
Na escola, a “trama” da leitura deve ser ofertada aos estudantes em um processo deliberado, organizado, criterioso e frequente. Apresentar o “mundo da literatura”, seus atributos e ritos a todas as crianças desde que iniciam sua vida escolar é um dever para cada educador. Mas com certeza, um prazer, também!
Nelly Novaes Coelho
Pensadores como Ana Maria Machado (2002), Graça Paulino (2014), Lígia Cademartori (2014), Nelly Novaes Coelho (1991) e Regina Zilberman (2005), concordam que o texto literário deve ser ponto de partida para a alfabetização literária. E Tzvetan Todorov (2010) nos ensina que a principal função de um professor é iniciar os seus “nessa parte tão essencial de nossa existência que é o contato com a grande literatura” e que à escola deveria “ensinar os alunos a amar a literatura”.

Contadores e leitores

Há diferença entre ler e contar histórias?
Tu sabes quais são?
Contar é antropológico. Contar é ancestral. Contar é acessar um repertório individual e coletivo que faz sentido a determinada família ou mesmo sociedade. Contar é narrar a experiência, é transmitir “a partir da experiência”. Contar é narrar uma história, rememorar um fazer. É experimentar o retorno a “certas emoções antigas e presentes”. Contar é tornar perene no tempo “a partir do vislumbre de um narrador qualificado” o “sentido do que lhe está sendo transmitido”. Contar é repassar adiante. Contar, por fim e de acordo com Silveira (2011) “assim como a própria narrativa” não é um ato “desinteressado”, ingênuo, espontâneo.
Ler é cultural. Ler é reinventar a escrita. Ler é assumir que a linguagem é uma “faculdade cognitiva exclusiva da espécie humana que permite a cada indivíduo representar e expressar simbolicamente sua experiência de vida, assim como adquirir, processar, produzir e transmitir conhecimento” (BAGNO, 2014).
Assim, a leitura, diferente da contação de histórias, oportuniza o contato com o texto literário que, apesar do tempo e do mediador, mantém-se inalterado, com o léxico, a estrutura textual e as escolhas poéticas do autor.
Um bom mediador dá nome a quem de direito: ao autor, a autoria; ao mediador, os sentimentos todos que encontrou ali e quer perpetuar, divulgar, evidenciar.
Concluindo: Ler é diferente de contar. Não é mais nem menos. É diferente.


Um evento
Para invadir o imaginário de mais e mais aprendizes da arte de admirar livros, a Camila Pierzckalski criou um encontro de contadores de histórias. Nas salas centenárias da Biblioteca Pública Pelotense.

O segundo encontro será realizado em parceria entre a BPP (setor infantojuvenil) e a Sala de Leitura Erico Verissimo (da FaE/UFPel). Os estudantes da Licenciatura em Pedagogia, do PET Educação e do GELL - grupo de estudos em Leitura Literária estarão no evento como:
1.      Personagens dos contos infantis na recepção aos inscritos;
2.      Mediadores das rodas de conversas simultâneas;
3.      Leitores de histórias 

Programa:
Inscrições: até dia 08/11, no site do evento;
Dia 16, 9 horas:
1. Recepção aos inscritos pelos personagens da BPP e SLEV - Sala de Leitura Erico Verissimo da FaE/UFPel;
2. Credenciamento na entrada da BPP;
9 horas e 30 minutos: Passeio explorativo do espaço da BPP: Camila Pierzckalski;
10 horas: Rodas de conversas simultâneas sobre os temas:
1. Mediação Literária e Práticas Pedagógicas - PET Educação;
2. Leitura Literária e a importância da formação de leitores - GELL FaE/UFPel;
3. Processo de Formação Leitora - Sala de Leitura Erico Verissimo
11 horas e 30 minutos: intervalo para almoço
13 horas e 30 minutos: Metodologias de leitura e contação de histórias com Camila Pierzckalski (BPP), Cristina Rosa (FaE/UFPel), Cinara Postringer e Paloma Wiegand  (SLEV), Estefânia Konrad, Jéssica Corrêa, Mariana e Valdoir Simões (PET Educação);



Não perca! Vagas limitadas!
Venha compartilhar desses momentos! Ele ocorre no dia 16 de novembro, entre 9 e 15 horas, na Biblioteca Pública Pelotense. Faça sua inscrição e garanta sua ecobag! Clique no site da BPP e não perca! As vagas são limitadas...

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