Seminário Livros Lidos: Junho 2020

Apresentações Seminário Livros Lidos: junho 2020

Estefânia Konrad

A educação e o trabalho remoto: PET Educação entrevista

Professores sem escola? A educação e o trabalho remoto.
Cristina Rosa
Estefânia Konrad

Evidenciar como um grupo de professores está atuando nesse momento em que a educação formal, presencial e remota, está em foco na sociedade foi a intenção do Grupo de Educação Tutorial – PET Educação. Para tal, em 21 de maio de 2020, demos início ao estudo de um tema pertinente a esses “novos tempos”: o trabalho remoto.
Inicialmente em contato com três profissionais que atuam em locais de ensino peculiares (na rede pública municipal, em escola privada e na Faculdade de Educação da UFPel), o desejo era, ao fim de um tempo de perguntas e respostas, elaborar um pequeno artigo sobre como professores estão se  relacionando com o estudo – ensino e a aprendizagem, seus e de seus alunos e/ou filhos – especialmente nesse tempo. Além desses três profissionais que permitiram publicar seus nomes, criamos um grupo composto por 79 professores em uma rede social, a quem também dirigimos perguntas, com o intuito de dialogar sobre vínculo e trabalho durante a suspensão das aulas presenciais.
Tendo recebido boa acolhida a nossa demanda, o projeto foi levado a cabo nesta semana, quando publicamos os últimos resultados do estudo que estás lendo. Os primeiros depoimentos foram publicados em 13 de junho de 2020, no Blog do PET Educação e podem ser conhecidos em: http://peteducacao.blogspot.com/2020/06/professores-na-pandemia-reinvencao.html

Professores e as demandas...
Chamados a responder a questão social e política que surgiu com a impossibilidade de ir à escola, os professores tiveram que responder através da qualidade, intensidade, frequência e resultado de seu trabalho a pais, colegas, direções, gestores e à sociedade.
O que pensam disso os professores que estão na linha de frente dessa demanda social? Como se organizaram para corresponder às expectativas? Qual o grupo de equipamentos que precisaram dispor para trabalhar? Como se sentem ao ter que inventar-se, todos os dias?
Diante dessas curiosidades, nossa pesquisa buscou conhecer como os professores compreendem o momento. Através de sete perguntas, a intenção foi inventariar como estes docentes estão lidando com o ensino a distância, com seus alunos e as famílias destes, com os equipamentos e redes de aceso e, também, com as plataformas digitais.
Professores, perguntas e respostas...
Professora Jéssica
Os três professores para os quais enviamos a solicitação de que respondessem com mais vagar a um grupo de perguntas possuem experiências diferentes na docência: Antônio Maurício é um professor maduro, com traquejo em diversos níveis de ensino e em EAD; Jéssica e Leonardo, por sua vez, são estreantes na docência. O que os une é o trabalho remoto por causa da pandemia. Assim, os três atuam em EAD emergencialmente pela primeira vez.
Os três profissionais que responderam ao questionário são conhecidos do grupo PET Educação e permitiram que seus nomes e experiências fossem revelados. Antônio Maurício é docente em uma Instituição Federal de Ensino Superior e ministra aulas para jovens e adultos. Leonardo é Pedagogo e docente recém-concursado na rede pública municipal e seus alunos são crianças e pré-adolescentes e, a professora Jéssica, é estudante de Pedagogia e leciona em uma turma de crianças com menos de seis anos matriculadas na Educação Infantil de um colégio privado. Três perspectivas diferentes, tanto em função do público alvo como das demandas e atributos culturais e econômicos.
Quais as características que nos fizeram escolher Antônio, Jéssica e Leo? Estarem trabalhando remotamente, serem de três locais de trabalho diferentes – Universidade, escola privada e escola pública na periferia urbana – e terem formações diferenciadas.
As questões pensadas e enviadas para que esses três professores respondessem foram: Primeira vez que trabalhas remotamente? Tiveste formação específica na licenciatura para tal? Se não, onde adquiriu a formação? Como está sendo? Quais os “ganhos” e as “perdas” para tua constituição como profissional? Quais são os equipamentos usas? Quais os suportes de internet que tens usado? Relate uma curiosidade ocorrida... 
Para Antônio Maurício, que atua na modalidade EAD desde 2007, o início foi como “bolsista tutor no Curso de Pedagogia da UFPel”. Posteriormente o professor fez “concurso público para professor numa vaga EAD na FURG” e atuou por “dois anos como professor, coordenador de tutoria e coordenador pedagógico de cursos a distância”. Considera que nesse período, aprendeu “muito sobre a modalidade”. Porém, declarou o professor, ao trabalhar “emergencialmente” no formato a distância ou remoto está sendo a primeira vez. Em suas palavras:

"Assim que teve início a pandemia e o isolamento social, pensei em contribuir com os professores promovendo um curso de extensão, com adesão voluntária, para os que ensinam matemática nos anos iniciais. O curso foi divulgado e, em menos de 24 horas, tivemos 350 inscrições do país inteiro, facilidade essa permitida pela modalidade à distância, uma vez que apresenta mobilidade na organização espaço-tempo. Obviamente que minha experiência, como professor de cursos a distância, contribuiu para a oferta do curso. Pretendo, no período de calendário alternativo da UFPel, oferecer alguma atividade de ensino ou extensão de modo remoto, pois a unidade que trabalho teve como encaminhamento a não oferta de disciplinas no referido calendário, assim pretendo atender aos alunos do curso que estou vinculado, por meio de projetos, com adesão voluntária dos estudantes".

Tanto para Jéssica como para Leonardo, essa é a primeira experiência, como professores e com o trabalho remoto. No caso de Leonardo, que se declarou “atormentado por uma pandemia que não se vivia há anos no ocidente”, a condição de “professor novato”, uma vez que foi recentemente nomeado e assinou sua “posse no cargo em 10 de março, ambos deste ano de 2020”, a primeira vez como professor está sendo “diante de uma numerosa turma de alunos de um 4º ano da Escola Municipal Francisco Caruccio”.
A formação para o trabalho on-line...
Ao indagar a respeito de suas formações para o trabalho remoto, nossa intenção era conhecer se as graduações nas quais os professores foram preparados para a docência possuíam, em seus currículos, esse grupo de informações.
Antônio Maurício rememorou que, em seu primeiro curso de licenciatura, realizado no período 1994-1997, "não se falava tanto em educação à distância e menos ainda em uso das tecnologias nos cursos de formação de professores". Posteriormente, quando cursou nova graduação – Pedagogia, na modalidade EAD – estranhou que, “apesar de ser um curso mediado pelas tecnologias, novamente não se promovia o debate para o futuro uso pedagógico das ferramentas pelos estudantes, futuros professores”. Assim, sua formação “deu-se, de fato, na prática”.
Para a professora Jéssica, não houve formação para uso das tecnologias, na Licenciatura em Pedagogia da FaE/UFPel, da qual é estudante formanda. Para o trabalho que tem de desempenhar desde março de 2020, tem se socorrido com tutoriais disponíveis on-line e a formação que a escola na qual trabalha ofereceu. Sobre o tema, o professor Leonardo afirmou:

Professor Leonardo
"Minha vontade de ser professor trago desde os tempos de Ensino Médio, quando cursava o Técnico em Agropecuária em Guaporé-RS. Já a formação docente é proveniente da Licenciatura Plena em Pedagogia que findei no dia 31 de agosto de 2019. Sou um recém-formado. Adquiri esta formação na Universidade Federal de Pelotas e destaco, nela, minha formação literária, que me ajudou e ajuda a compreender o mundo e sua diversidade e, de forma profunda e verdadeira, me ajuda a ler o mundo hoje em dia".

Considerações...
Ao analisarmos as trajetórias de formação dos três respondentes, percebemos que, apesar do intervalo de tempo entre suas graduações ser amplo, a semelhança está na inexistência de se instituir nos currículos, seja de forma direta, indireta ou transversal, a capacitação para o ensino à distância. 
Se o país dispõe, há um tempo considerável, de dispositivos e tecnologias que possibilitam a existência da modalidade EAD, é quase incompreensível que ainda perdure uma resistência por parte da educação acontecer à distância. Observando o fenômeno, GOMES (2013) considera que isso ocorre, pois a modalidade oferece insegurança. Em suas palavras:

(...) as tecnologias atuais trazem certo incômodo e também desafios à escola e à universidade que, ainda, em grande parte dos casos, procura adaptar as tecnologias aos modelos tradicionais de ensino, quer no presencial, quer na EaD, buscando pouca ou nenhuma inovação nas práticas pedagógicas e aparentemente também pouca reflexão sobre o papel da universidade frente às demandas contemporâneas, sob o viés da tecnologia educacional. Talvez isso ocorra, em parte, porque a pedagogia anda no rastro da tecnologia e a instituição escolar mais atrás ainda; ou porque o foco pela ampliação do acesso e a uma melhora nas estatísticas mundiais tenha deslocado as preocupações (GOMES, 2013, p. 22).

A Educação a distância: uma modalidade de ensino
Pesquisadora Estefânia Konrad
A EAD é uma modalidade de ensino e, em nosso ponto de vista, não pode ser comparada a modalidade de aulas presenciais.
Sem formação específica e com experiência na modalidade presencial, os professores por nós entrevistados tiveram que, rapidamente, propor processos de aprendizagem à distância. Assim, logo ficamos interessados em saber como está sendo esta experiência.
Para Antônio Maurício, que ofereceu um curso para os que ensinam matemática nos anos iniciais, o aproveitamento foi de “mais de 50% dos inscritos com certificado, evidenciando o interesse dos cursistas”. Para ele, a experiência “foi muito positiva, havendo engajamento dos participantes nas atividades propostas, realização das tarefas, participação efetiva nos debates e fóruns” além de “retornos positivos sobre os encaminhamentos do curso”. O professor ressaltou que vários cursistas agradeceram “a oportunidade de ocuparem seu tempo de pandemia com atividades que iriam contribuir para sua prática docente, no retorno às aulas presenciais”.
Um desafio, no começo, a professora Jéssica, afirmou que, “agora, imersa no processo de meses com aulas on-line, já se sente mais confiante”. Já o Pedagogo Leonardo escreveu:

"Atuar como professor tem sido uma experiência rica e bastante desafiadora. As desigualdades sociais tornaram-se evidentes e a pandemia colaborou para exacerbá-las. Na minha turma de quarto ano, por exemplo, 33 alunos frequentavam as aulas presencias e eram bastante assíduos. Com o início da pandemia e a partir as atividades enviadas de forma on-line, um número assustador aparece em minha frente: menos de 50% dos alunos tem acesso à internet. Destes, parte não sabe usar a internet ou não são autorizados pelos pais, outro grupo tem uma internet muito ruim e há os que, de fato, acessam e realizam as atividades mandadas pela escola. Chegamos então, a apenas “oito alunos que cumprem todos os requisitos básicos exigidos pelas estruturas educacionais do município”.

ARAÚJO (2014), em resenha do livro EAD em tela: Docência, ensino e ferramentas digitais, considera que “introduzir essa modalidade de ensino em nossos contextos, seja escolar, seja acadêmico – nas esferas pública ou particular – é propiciar mudanças significativas na maneira de ensinar e aprender de professores e de alunos”.
Perdas e ganhos...
Diante dessas mudanças propiciadas, quais teriam sido as “perdas” e os “ganhos” que a emergência de exercer a profissão de forma remota acarretou a nossos entrevistados? Para o professor Antônio Maurício, “o maior ganho é novamente perceber, na prática, a potencialidade da aprendizagem mediada por tecnologias”. Em suas palavras:

"Como profissional essas experiências me permitem 'descer do pedestal' de achar que o aluno somente pode aprender comigo, ou seja, experiências como essa, evidenciam a autonomia do outro como aprendente, que desenvolve e aprimora seu conhecimento, mesmo sem a interação presencial com o professor".

Considera, ainda, que entre os “ganhos” está a “possibilidade de interação com pessoas de diferentes estados brasileiros, bem como a aproximação em tempos que essas pessoas não estavam interagindo profissionalmente devido ao isolamento social”. Além disso, ressalta que “foi possível promover a aproximação dos participantes aos autores de referência usados no curso”.
Quanto às “perdas”, lamenta a “negação do trabalho a distância” por muitos dos profissionais que deixam “passar a oportunidade de experienciarem essa possibilidade de trabalho inovadora como uma forma de aprendizagem”. Considera uma perda, também, que “algumas atividades que poderiam ser melhor exploradas num momento presencial, síncrono, tiveram que ser realizadas a partir dos limites impostos pela distância e meios de interação”.
Para a professora Jéssica, os ganhos são “conhecimentos novos, um desafio que me fez pensar na educação de uma nova perspectiva”. Em suas palavras:

"Não vejo nada como perda, já que atuo em uma escola da rede privada e meus alunos tem acesso a todo esse ambiente virtual e, por isso, eles estão recebendo todo o material necessário. Penso que seria muito diferente se eu estivesse atuando na rede pública. A única coisa que me deixa um pouco desconfortável é a exposição constante, mas já aceitei que o momento atual é esse".

Já o professor Leonardo considerou que a maior perda foi ser “submetido à exposição pública constantemente” e “ter a carga horária excedida”. As outras perdas listadas por ele foram: a) “ter que tornar a sua casa, quarto ou escritório pessoal, um lugar público; b) necessitar “ter engajamento e simpatia on-line para que as atividades sejam bem aceitas” por todos os alunos; c) “desamparo digital, uma vez que gastos de luz e internet impactam minha remuneração pelo trabalho, pois são gastos que saem da minha casa”. Considerou, ainda que ao usar materiais particulares, não públicos, para suas aulas, “acelera ainda mais a desvalorização do que é público”. Quanto aos ganhos, o professor escreveu:

"Tenho convicção que as perdas são maiores que os ganhos, mas acredito que o papel do bom professor sempre foi destaque e nunca o problema, e essa máxima segue vivíssima. Ser um bom professor segue em alta, a comunicação é diferenciada, o carinho, mesmo que muito distante, é sentido e o conteúdo continua ali. As dificuldades são um presente, explicar para uma turma lotada não é tarefa fácil, explicar à distância, também não. Daí é que vem a essencialidade do bom professor... Mesmo com todos os percalços no caminho, se molda para que uma educação de qualidade chegue ao aluno".

Tutora Cristina Rosa
Concluindo...
Observando as respostas dadas a essa questão, destacamos como “perdas”, nesta experiência, a inexistência de contato pessoal que possibilita observar, olhar, ouvir, falar, esclarecer dúvidas, entre outras, com os alunos. Não tê-los perto obriga o professor a encontrar substitutos para sua presença como vídeos, mensagens de voz, compartilhamentos de fotos e muitas mensagens.
Como “ganhos”, a percepção de que um “bom professor” é capaz de exercer a docência, seja ela na modalidade presencial ou à distância, o que se compreende ao ler o depoimento do professor AM: “Como profissional essas experiências me permitem ‘descer do pedestal’ de achar que o aluno somente pode aprender comigo, ou seja, experiências como essa, evidenciam a autonomia do outro como aprendente, que desenvolve e aprimora seu conhecimento”.
Em breve, as demais questões respondidas por nossos convidados...
Aguarde!

Professores na Pandemia: reinvenção?


Professores na Pandemia: reinvenção?
Cristina Maria Rosa
Estefânia Konrad

Em 21 de maio de 2020, o Grupo de Educação Tutorial – PET Educação – deu início ao estudo de um tema pertinente a esses “novos tempos”: o trabalho remoto. Para tal, criamos um grupo composto por 79 professores em uma rede social com o intuito de dialogar sobre vínculo e trabalho durante a suspensão das aulas presenciais. Deixamos claro, desde o início, que não revelaríamos a identidade dos integrantes do grupo no artigo final e, se alguém não se sentisse à vontade, poderia declinar do convite e sair do grupo, sem explicar nada.
O desejo era, ao fim de um tempo de perguntas e respostas, elaborar um pequeno artigo sobre como nós, professores, estamos nos relacionando com o estudo – ensino e a aprendizagem, nosso e de nossos alunos e/ou filhos – especialmente nesse tempo.
Aceito por um grupo de pessoas que se manifestou entusiasmadamente e abandonado por outro, o projeto foi levado a cabo nesta semana, quando publicamos os primeiros resultados do estudo que estás lendo.
O que pretendíamos?
Evidenciar como nós, professores, estamos sendo convocados a nos posicionarmos nesse momento em que a educação formal, presencial e remota, está em foco na sociedade.
Seja por terem os pais uma imensa dificuldade de inserirem-se em rotinas escolares enviadas pelos professores, seja por terem que permanecer ou retornar ao trabalho logo que alguns comportamentos foram liberando rotinas fora de casa, a educação passou a ser uma preocupação de quase todos: governos, direções de escolas, educadores, pais, avós e crianças.
Duas evidências: a garantia de que os filhos estavam no melhor lugar para a infância – a escola – já não mais existe e, a certeza de que tudo que ensinam lá é importante, também deixou de ser uma verdade.
Então, por que não dar voz àqueles que estão sendo chamados a responder a essa questão social e política através da qualidade, intensidade, frequência e resultado de seu trabalho?
Ao indagar aos professores como estão compreendendo esse momento, especialmente relacionado à profissão, entregamos, a quem está entre as demandas da sociedade e as demandas das crianças, a palavra.
Como trabalhamos?
Como metodologia de pesquisa, passamos, após a adesão de um grupo de pessoas, a enviar questões a serem respondidas em um determinado prazo. Importante ressaltar que o grupo criado também foi utilizado para divulgar projetos em desenvolvimento.
Algumas das questões foram: Como te sentes tendo que trabalhar remotamente? Se não estás trabalhando, como te sentes? O estás fazendo nesse tempo? Estudando? Tens equipamentos compatíveis com tuas necessidades atuais de estudo e/ou trabalho? Se não tinhas, adquiriste? Tens um local em casa para estudar e lecionar? Se não, organizaste?
As primeiras respostas...
Logo que enviamos a primeira mensagem, uma chuva de respostas começou a inundar nossas caixas de mensagem. Entre elas:

Gostei desse modo de anunciar, pois chama a atenção para cada nova pergunta. Assim como gostei de ver anunciada a data com o prazo pra resposta. E essas informações dão um toque especial e organiza o trabalho, pois, em meio à correria, auxilia a quem responde. #minha opinião!

Gostei da iniciativa. Importante discutirmos como nós professores estamos "nos constituindo" nesse momento e processo desconhecido.

É bom ter um grupo para trocar!

Eu topo!

Amei. Eu topo Cris. Queres que escreva direto aqui ou no Word?

Aguardo a pergunta e o prazo, estou disposta a participar.

Topo, Cris. Só esclarece melhor, partiríamos de um questionamento seu e nossa resposta seria para contribuir no artigo que estas organizando? Também poderíamos te enviar artigos que estamos organizando neste momento?

Topo!

Eu topo!

Ótima ideia!

Topo! Sou do AEE e estou aflita, preciso ser ouvida!

Obrigada Cris pela oportunidade...

Responder as questões propostas acima, já é uma prévia para buscar em nós as primeiras impressões dessa concretude que está nos constituindo, tempo jamais vivido. Parece que a vida foi interrompida. Aguardo a questão amanhã.

Eu topo!

Parabenizo a professora Cris e as demais colegas pelo dia de ontem! Pedagogia não é minha formação acadêmica, porém, sinto como se fosse! Um projeto que está na minha lista de desejos, bem no topo! Obrigada pelo convite querida!

Eu topo Cris! Eu sou professora do SAEE (AEE). Sinto-me muito preocupada com a aprendizagem dos meus alunos deficientes. Pois tenho alguns que as aprendizagens ocorrem só verbalmente. E estão sobrecarregados de atividades! E, ainda, a SEDUC exige que mandemos atividades também! A maioria não tem acesso à internet.

Se puder ajudar, estou dentro!

Amei a ideia deste grupo com a finalidade para a qual foi criado. A Cris sempre com ideias criativas, produtivas e inovadoras.

Desejo sucesso nas publicações e, na medida do possível, quero acompanhá-las por aqui. Beijos.

São muitos os desafios neste momento. Mas nós, professores da educação pública, o que mais sabemos fazer é nos reinventar.

Três professores
Paralelo a esse grupo de troca de mensagens, contatamos três professores que, integrantes de nosso grupo de relações próximas, se propuseram a nos dar um depoimento mais alongado.
Quais as características que nos fizeram escolher Antonio, Jéssica e Leo? Estarem trabalhando remotamente, serem de três locais de trabalho diferentes – escola privada, escola pública na periferia urbana e universidade – e terem formações diferenciadas.
As questões pensadas e enviadas para que esses três professores respondessem foram: Primeira vez que trabalhas remotamente? Tiveste formação específica na licenciatura para tal? Se não, onde adquiriu a formação? Como está sendo? Quais os “ganhos” e as “perdas” para tua constituição como profissional? Quais são os equipamentos usas? Quais os suportes de internet que tens usado? Relate uma curiosidade ocorrida... 
Segunda mensagem
A segunda mensagem aos 79 professores foi enviada no dia 24 de maio. No corpo, escrevemos: “Boa noite, professores e professoras. Como anunciei quando da criação do grupo, Estefânia e eu estamos escrevendo um artigo sobre nossas atitudes durante a pandemia. O foco é revelar como nós, professores que trabalhamos, estamos sendo chamados a pensar a educação: em casa, com nossos filhos, na escola, com nossos colegas e remotamente, com nossos alunos e/ou orientandos. Envio, então, a primeira questão a todos que desejam colaborar: Esta é a primeira vez que trabalhas remotamente? Aguardo até quarta, quando enviarei nova questão. Obrigada”.
Dezenove professores responderam que sim, sete informaram que não estavam trabalhando remotamente e dois que não, já haviam tidos outras experiências.
Com essa primeira resposta, percebemos que parte considerável dos professores (67% dos que responderam) estava tendo a experiência de trabalho remoto pela primeira vez.
Em 28/05/2020, enviamos outra pergunta ao grupo. A pergunta foi: “Fizeste algum curso para trabalhar on-line?”. As possibilidades de resposta sugeridas foram: sim, não, estou fazendo, aprendi com tutoriais ou aprendi com colegas. O prazo acordado foi 01/06/2020. A resposta de uma professora da rede pública foi:

Não fiz nenhum curso. Na minha cidade, elaboramos as atividades que, impressas, foram entregues aos pais na escola. Para meus alunos que tem celular e usam o WhattsApp, as atividades foram enviadas. Poucos têm internet e celulares.

Uma resposta mais alargada veio de uma das depoentes:

Esta não é a primeira vez que trabalho remotamente. Trabalhei de 2005 a 2013 no Curso de Licenciatura de Matemática a Distância (CLMD); Curso de Educação do Campo (UFPel); Especialização em Mídias na Educação (UFPel); Coordenei um Programa de Pró Mobilidade Internacional CAPES/AULP entre Universidade Eduardo Mondlane e UFPel. Esse programa desenvolveu uma formação de professores para uso das mídias digitais, com os professores da UEM. Tenho o hábito de trabalhar de forma híbrida, nas disciplinas e seminários dos PPGS em que atuo. Fomos capacitados pela equipe do antigo CLM e a UAB ofereceu um curso para professores vinculados. Na época, eu era professora pesquisadora.

As demais respostas foram vinte “não”, seis “aprendi com tutoriais”, quatro “sim” e um “estou fazendo”. Além disso, uma pessoa que disse: "não, mas tenho passado parte do tempo pesquisando tutoriais adequados e outra parte do tempo, praticando estes tutoriais" e outra disse: "Aprendi com tutoriais ofertados pela mantenedora".
Percebemos, diante das respostas recebidas, que 63% nunca fez nenhum curso que os capacitasse para om trabalho que, remotamente, estão tendo de desenvolver.
Uma nova pergunta: equipamentos compatíveis
Diante do que percebemos com as repostas recebidas – professores trabalhando e inventando um modo de se comunicar – ficamos curiosos com o tipo de equipamento que esses dispunham para suas tarefas. Então, perguntamos. Diante dessa pergunta, muitos depoimentos. Entre eles:

Eu só tenho um NetBook e meu celular. Se há outros equipamentos mais adequados, desconheço quais sejam. Não faço ideia de como se edita vídeos.

Eu não tenho um celular adequado para baixar app de edição de vídeo, então pedi emprestado para um familiar. Adquiri muitos livros, que se estivesse na escola não iria fazer, pois na biblioteca tem muitos de boa qualidade...

Gostaria de fazer um relato, comecei toda a preparação de materiais para aulas e atividades online com os tutoriais, porém agora com o passar do tempo tenho feito alguns cursos. E ontem fiz um muito bacana e com um conteúdo muito rico "Docência no Contexto Online", ministrado pelo prof. Valmir Heckler, que eu achei excepcional, foi acho que a melhor troca de experiências que tive até esse momento, com dicas úteis. Em primeiro lugar porque não tenho essa formação de docência adequada com metodologias de ensino, pois nas "áreas duras", não temos nada formativo nesse sentido, acabamos apreendendo com o dia a dia na sala de aula, então isso acaba me angustiando muito, pois sempre fico muito preocupada com a qualidade das aulas que vou ministrar, não quero e, na verdade, a Universidade nunca forneceu esses equipamentos para o preparo das aulas, então o que eu preciso para as minhas atividades sempre adquiri. O que sempre me foi ofertado foi a estrutura de laboratório, para as aulas presenciais, porém os laboratórios são compartilhados e com agendas lotadas, ou seja, nele não se prepara atividades. E nesse momento continuo com esse mesmo sistema. Então para as aulas remotas, uso o meu notebook, a estrutura de gravação da que eu possuo (PC e celular) e a minha casa com as adaptações que são possíveis: arranjar uma parede em branco para ser fundo de gravações, apoiar notebook em cima de escada ou caixas para gravar as aulas, algumas coisas desse tipo. Porém, ontem a unidade CENG encaminhou um e-mail para. Também precisei comprar licença de software para edição porque não consegui me adaptar com os gratuitos.

Nossa, sobre equipamentos, eu tive que me equipar! Tinha o note e o celular, mas precisei comprar um quadro, canetas coloridas e transformar o quarto da minha filha em sala de aula com cartazes impressos e dispostos nas paredes. Sou professora de AEE, preciso mostrar para o aluno a atividade sendo desenvolvida para que resulte em resultados. Levei a sala de recursos para dentro de casa! Comprei jogos e confeccionei outros tantos em casa! Uso meu "pouco" tempo livre para estudar, pesquisar aplicativos, vídeos e plataformas que possam minimizar essa distância! Resulte em resultados ficou redundante! Desculpe

Não tenho equipamentos bons para a necessidade atual. Apenas utilizo meu celular, com memória mediana e com o qual executo os programas básicos baixados anteriormente às aulas online. Como sou muito curiosa e adaptada às novas tecnologias, eu me viro bem com o que tenho. Mas, ideal não é. Estou pensando em adquirir um equipamento melhor agora, para dar continuidade às aulas em junho. Quanto à internet, eu usava a minha, de dados, do plano de celular que eu tinha. Mas contratei um novo plano de internet, mais rápida, especialmente para as aulas na nova modalidade.

Utilizo meu notebook e meu celular e tenho dado conta do que foi/está sendo solicitado até o momento.

Eu tive de adquirir um celular novo, meu celular não tinha memória suficiente e nem agilidade, o sistema estava aquém de minhas necessidades e das necessidades da escola. Quanto às salas virtuais, eu domino o espaço virtual e já tinha computador compatível. Quando o assunto é edição de foto e imagem, preciso recorrer a uma amiga, ou seja, terceirizo meu trabalho, já que não sei lidar com edição. Acho bem chata a situação, quando particularizamos cada vez mais o que é público e não, não acho que seja cômodo e eficaz trabalhar de casa.

Utilizo meu notebook e meu celular (tive que comprar outro, com mais recursos, embora essa necessidade eu já estava tendo antes da pandemia)  e tenho dado conta do que foi/está sendo solicitado até o momento. Busco auxílio com pessoas que tenho relação para aprimorar e/ou ampliar meus conhecimentos acerca do uso das TICs, considerando que conto com essas duas ferramentas tecnológicas.

Não. Tive de adquirir um celular e um computador novos porque nenhum deu conta da demanda.

Eu uso meu computador (para as necessidades básicas, dá conta) não adquiri nenhum equipamento, mas tive que aumentar meu plano de internet. Sinto falta de um microfone e um webcam melhor. Não sei editar vídeos e essa é minha maior dificuldade. No entanto, como as aulas estão sendo ao vivo agora, não estou precisando utilizar os editores.

Eu tenho notebook, celular e microfone. Uso o plano de internet da minha residência. Estou conseguindo organizar meu trabalho pedagógico com as ferramentas que tenho.  Por enquanto, está tranquilo...

Trabalho em três escolas estaduais com o AEE  no interior  do estado. Eu ocupei meu celular (WhattsApp com alguns alunos) e o notebook para enviar e receber as atividades que foram enviadas para os alunos. A partir de segunda-feira, quem tem e-mail, conforme anunciado pelo governador e secretário, vamos iniciar a preparação  das aulas on-line. Mas a nossa realidade é bem complicada nas escolas, pois grande  parte  não  tem  acesso à internet, moram no  interior  do  município  e lá,  a internet  não  tem  sinal. Alguns, que moram na cidade têm, mas nem todos tem um celular, notebook ou computador  para  realização desse módulo de ensino  a distância.

Tenho Notebook, celular, tablet e plano de internet em minha residência. Alguns aplicativos, precisei baixar. A memória do celular será preciso aumentar. Contudo, o trabalho está sendo realizado com sucesso. Também conto com a ajuda de colegas que baixam vídeos e atividades com programas que não tenho. Ainda preciso complementar. Meus alunos precisam receber minhas atividades e estas precisam ser compatíveis com seus celulares e também fáceis de ser entendidas. Como exemplo, não posso enviar atividades em PDF ou links. Sei que muitas vezes é desconhecido da família, pois recém compraram o primeiro celular da família com tanta tecnologia. Antes, era aquele celular para atender e fazer ligações.

Minha escola, por ser técnica, tem uma boa quantidade de equipamentos. No entanto, muitas vezes por dificuldade de interação com o material – falta conhecimento, mesmo – por exemplo, a lousa digital, fica sem uso. A velocidade da internet não aguenta muita gente, 500 alunos utilizando e o governo não repassa o recurso suficiente que permita o ideal em quantidade e qualidade. Quanto a pergunta “se não tínhamos, adquirimos?”, nem penso numa hipótese desta. Usar do salário minúsculo para usos pessoais e transformá-lo para atender a uma demanda de agenda pública?!

Eu, no caso, não estou trabalhando on-line, sou da educação infantil. Mas, se tivesse que trabalhar através de aulas on-line, eu teria que adquirir equipamentos, pois, sei que meu celular e computador não comportam esses programas que muitos professores estão utilizando.

Até o momento, estou usando apenas o computador e o celular. Precisei baixar dois programas, mas de forma gratuita.

Tenho notebook e celular. Tem suprido a necessidade. Trabalho com Educação Infantil e meus encontros são com as colegas da escola. Neles, discutimos, estudamos e pensamos o pedagógico da escola, estratégias para o retorno (quando ele acontecer...). Também a maneira de manutenção do vínculo com as crianças e famílias através de narrativa de histórias, canções, compartilhamento das vivências dos profissionais, em família, nesse período de distanciamento social, através de redes sociais. A mantenedora adotou essa política para todas as etapas atendidas pelo município. Bem como disponibilizou tutoriais para aprimoramento da equipe gestora, que é multiplicadora com sua equipe de professores, no uso do GSuite. Os profissionais da Rede Municipal de Educação tem conta

Tenho trabalhado com meu notebook, meu celular e minha rede de internet pessoal.  Adquiri um suporte para o celular para facilitar a adequação da imagem nas reuniões on-line.

Estou utilizando os equipamentos que já tinha. Claro que existem mais modernos, mas estou utilizando o que já possuía.

Uso celular e notebook que eu já tinha

Não adquiri novos equipamentos. Meu celular e notebook são básicos e está servindo ao que foi solicitado até o momento. Caso seja solicitado pela Secretaria de Educação algo mais qualificado, necessitaria, provavelmente, de algum programa específico.

Não tenho, meu celular está ultrapassado, não tem mais espaço para baixar aplicativos, meu notebook tem mais de dez anos, só posso ouvir som com fone. Muitas vezes tenho que pedir o notebook da minha filha para fazer as atividades, porque no meu tranca. Pretendo comprar um notebook novo, mas os preços subiram em função do isolamento, estou esperando uma promoção para renovar meus equipamentos de trabalho.

Produtos
Encantadas com a riqueza de dados e informações que estávamos recebendo, como quinta demanda, enviamos aos professores e professoras, a seguinte mensagem: “Envio a vocês uma imagem. Meu "home office". Quem sabe inventariamos todos que aqui estão? Como? Cada um faz uma imagem de seu cantinho de trabalho e envia. Eu organizo todos em um banner e envio a vocês por aqui...”
E parte considerável dos professores enviou, originando banners com imagens do trabalho, que tu podes conhecer aqui.
Agradecimento
O PET Educação, aqui representado por mim e pela Estefânia, agradece aos professores que se envolveram, manifestaram e publicizaram seus saberes em tempos de trabalho remoto.
A vida não é remota! É plural, repleta de desvios, curvas, emboscadas...
Mas, também, de veredas, poesias, oásis.
Continuemos...
Observação: a matéria terá continuidade. Aguarde...