03 de Junho: Dia Nacional da Educação Ambiental

 

Em defesa de uma educação ambiental crítica

Cuore, de Alex Nuñes

Laura Vitória Gomes

Neste dia 3 de junho comemoramos o Dia Nacional da Educação Ambiental, uma data instituída pela lei 12.633/2012, pela ex-presidente Dilma Rousseff. O objetivo foi relembrar a necessidade e a importância das políticas e práticas educativas voltadas para a preservação ambiental e a sustentabilidade.

Algumas reflexões...

No Brasil, a partir da década de 1980, as questões ambientais passaram a ser mais discutidas e, poucos anos depois, a educação ambiental se tornou conteúdo curricular presente nas instituições de ensino do país e sua importância foi reconhecida.

No entanto, a realidade envolve um paradoxo: mesmo que a educação ambiental esteja ganhando cada vez mais espaço na sociedade, a degradação ambiental é muito maior do que no passado e cresce continuamente. Como explicar isso? Segundo Mauro Guimarães (2013), há o consenso de sua importância, mas a concepção de educação ambiental não é única, há diferentes propostas que representam diferentes visões de mundo. Em seu escrito, ele menciona a perspectiva conservadora e a perspectiva crítica.

 

Um pouco mais de cada uma...

1.            Perspectiva conservadora: é um projeto de educação que serve aos interesses da lógica do mercado. Por meio de soluções tecnológicas, prevê a conciliação entre o modelo de desenvolvimento atual e a preservação do meio ambiente. Nesta concepção, a solução para os problemas ambientais decorre da transformação individual, deixando de lado as relações sociais, econômicas e culturais que provocam a degradação ambiental.

2.            Perspectiva crítica: trabalha com a reflexão sobre as relações hierárquicas e exploradoras entre os seres humanos e, também, ser humano e natureza, justificadas pelo pensamento individualista e antropocêntrico. Envolve a compreensão da realidade para intervir nela, pois é necessário que haja uma verdadeira mudança de paradigma, uma transformação nas relações de produção e de consumo.

 

E nas escolas?

A perspectiva que predomina nas escolas e em toda a sociedade é a conservadora, o que torna as práticas educativas sobre a temática, mesmo que bem intencionadas, não tão eficientes na construção de uma realidade sustentável. Isso, porque, essa perspectiva não confronta a razão do problema, responsabilizando o indivíduo e cobrando uma solução somente a partir de comportamentos individuais ecologicamente corretos, desconsiderando as condições sociais em que ele está submerso e que muitas vezes o impedem que, mesmo querendo, colabore para a sustentabilidade.

Futurando...

A aplicação da perspectiva crítica poderia fortalecer o estudo da educação ambiental, pois se torna mais útil se pensarmos em uma educação que leve o sujeito a intervir no mundo para transformá-lo. Transformar, sim, pois se a estrutura social atual está nos levando a uma degradação do ambiente tão grande ao ponto de ameaçar a vida na Terra, ela deve ser problematizada e mudanças radicais devem ser pensadas, outras propostas correm sério risco de serem medidas que apenas adiem o colapso total.

Uma educação que ensine os indivíduos a utilizar dos meios de agir de modo sustentável que estão disponíveis a ele, isto é, fazer o que pode no meio em que está inserido, mas jamais conformá-los a essa realidade. Deve também, principalmente, abordar a reflexão crítica das questões motivadoras dos problemas - históricas, políticas, econômicas, culturais -, superando a condição alienadora, levando à mobilização, a intervenção no mundo.

Por fim...

A proposta é construir uma nova ética, que pense no ser humano não como centro, mas como uma parte entre tantas que se inter-relacionam, de um todo complexo chamado meio ambiente. Assim, estabelecendo relações mais harmônicas e igualitárias com a natureza e com seus semelhantes.

 

Referências:

 

GUIMARÃES, Mauro. Por uma Educação Ambiental crítica na sociedade atual. Revista Margens Interdisciplinar. V. 7, n. 9, 2013.

 

MELLO, S.; TRAJBER, R. (Orgs.). Vamos cuidar do Brasil com as escolas: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Brasília: MEC/CGEA; Unesco. 2007.

 

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