Carina Peraça
Recentemente, fui convidada
a escrever sobre o aniversário da chegada do homem na lua traçando um paralelo
sobre “curioso” fenômeno de pessoas que acreditam que a terra, nosso querido
planeta, é plana. Minha primeira atitude antes de escrever qualquer texto de
opinião é sempre estudar o assunto e ler muito sobre ele, seja qual for.
Portanto, antes de tudo, fui buscar entender que movimento é este e o que leva
as pessoas a acreditarem que vivemos em um disco cercado por paredões de gelo.
Os resultados da minha busca foram, de certa forma, assustadores e me fizeram
pensar que, por mais cômico que seja a ideia de viver sobre uma pizza de
Westeros, as consequências desta brincadeira podem significar uma ameaça à
ciência. Estamos vivendo, no mundo todo, uma onda de tentativas de
desconstrução da credibilidade científica. Isto tende a ocorrer sempre que os
resultados científicos não vão ao encontro de interesses políticos e econômicos.
Existe uma confusão sobre
qual é, de fato, o papel da ciência em uma sociedade. A ciência busca
identificar padrões em fenômenos da natureza e traduzi-los em leis gerais e
teorias que auxiliam na solução de problemas presentes na sociedade.
Para isso, os pesquisadores
trabalham com base no Método Científico.
Isso significa que, antes
de serem desenvolvidas as teorias, são levantadas hipóteses, como possíveis
soluções às questões a serem respondidas. Estas hipóteses são testadas, várias
vezes, por cientistas diferentes, usando metodologias distintas. Os resultados
obtidos precisam ser equivalentes entre todos os experimentos. Somente assim,
os dados com estes resultados são submetidos para a publicação, onde um grupo
de outros cientistas, que não possui relação entre si ou com os demais, avalia
o texto escrito, questiona os pontos relevantes, e somente depois, aprova ou
não. Ainda assim, os resultados aprovados e publicados podem ser, mais tarde,
refutados, caso surjam novos experimentos que possam contestar os anteriores. A
ciência é baseada em fatos! Os dados obtidos pelos cientistas correspondem ao
comportamento da natureza, e não à vontade de terceiros. Portanto, os
cientistas buscam compreender os fenômenos da natureza e de que maneira estes
podem impactar na vida das pessoas, identificando as necessidades do planeta e
da sociedade e encontrando soluções para tais.
A ideia de refutar a
verdade, quando esta não nos agrada é o que da voz as famosas teorias de
conspiração. Basta um ego ferido, uma mente fértil e uma dose de maldade para
nascerem as mais absurdas teorias, que com a ajuda de redes sociais espalham-se
rapidamente pela superfície terrestre. Em alguns casos, são histórias dignas de
boas risadas, como, por exemplo, a ideia de que o ex-presidente
norte-americano, Barack Obama, é o embaixador da Terra em Marte.
Ainda temos a nossa famosa
teoria terraplanista, já citada por
aqui. Os adeptos a esta teoria, acreditam que a terra é um disco, suspenso em
um oceano (o espaço não existe para eles) e cercado por um denso paredão de
gelo. O curioso é que ninguém consegue atravessar ou escalar o paredão, pois
uma equipe de seguranças de um serviço secreto que não quer que as pessoas
acreditem na “grande verdade” está cercando a região.
Ai ai… é engraçado, eu
confesso, mas o perigo começa quando estas histórias colocam em risco a
segurança e a saúde da população. A exemplo disso, temos as teorias
anti-vacinas, ou as dezenas de tratamentos e medicamentos para a COVID-19,
compartilhados em redes sociais todos os dias. Se neste momento, caros leitores
e leitoras, vocês estão associando teorias de conspiração à fake news, estão
corretíssimos. Sendo assim, partindo das nossas recentes experiências,
conseguimos enxergar o perigo que estas anedotas escondem.
E por falar em teorias de
conspiração...
No dia 20 de julho, um dos
mais importantes acontecimentos científicos do mundo, completa 51 anos. Estamos
falando do primeiro passo de um homem na lua, dado por Niel Armstrong, durante
a famosa missão Apollo 11, em 19697. Neste dia, cerca de um bilhão de pessoas
assistiram pela televisão o pouso do módulo lunar batizado de “eagle”, que em
português significa águia, na lua. Duas horas após a alunissagem da nave, o
astronauta Neil Armstrong torna-se o primeiro homem a pousar na lua, seguido
pelo seu colega, o astronauta Edwin Aldrin. A expedição durou cerca de 22
horas, das quais 2h e 40 min se deram fora da nave. Enquanto os dois
companheiros estavam na superfície, Michael Collins, o terceiro astronauta
envolvido na missão, pilotou sozinho o módulo de comando e serviço Columbia, na
órbita da lua. Os três partiram na nave Saturno V, do Centro Espacial John F.
Kennedy na Flórida, no dia 16 de julho. Esta foi a quinta missão tripulada do
programa Apollo da NASA. A nave era formada por três partes: um módulo de
comando com uma cabine para os três astronautas (somente esta parte retornaria a
terra); um módulo de serviço, que apoiava o módulo de comando com propulsão,
energia elétrica, oxigênio e água; e um módulo lunar dividido em dois estágios,
um de descida para a Lua e um de subida para levar os astronautas de volta à
órbita. No dia 24 de julho de 1969, os três astronautas chegam em segurança à
terra e entram para a história como os tripulantes da primeira expedição em
solo lunar.
Farsa. Será?
Quase tão antiga quanto à
chegada do homem na lua, é a teoria de conspiração que julga ter sido tudo uma
grande farsa. Em seu blog de divulgação, o professor Alexandre Moraes da UFRPE,
aborda de forma bem humorada as teorias criadas pelos “conspiranóicos”, palavra
que ele mesmo atribui aos adeptos às teorias de conspiração9. O professor
destaca dez das alegações mais frequentes, feitas por aqueles que duvidam que o
homem tenha estado na lua, e explica com embasamento científico cada um destes
fatos. Selecionei aqui, algumas destas afirmações seguidas pelas respectivas
explicações, mas aconselho fortemente, a leitura completa do texto. Seguem as
teorias e suas correções:
A bandeira tremulando: Por que a bandeira dos EUA que está plantada
no solo parece tremular em uma brisa apesar de se saber que os astronautas estão
em um vácuo? Aquilo foi uma FARSA.
Resposta do professor: A
bandeira tinha um bastão horizontal rígido inserido na parte superior para que
ela ficasse bem esticada nas fotos. Os astronautas, entretanto, não estenderam
por completo a bandeira ao longo do bastão horizontal e ela ficou com um vinco
bem perceptível. Por outro lado, ao colocar a bandeira fincada ao solo ela
ficou naturalmente oscilando para frente e para trás. E esta oscilação não
tinha o amortecimento do ar para retardá-la. O resultado foi que os ignaros
conspiranóicos “viram” um vento, mas não se deram conta de que as dobras da
bandeira incrivelmente não mudavam com aquela oscilação.
O cinturão de Van Allen: Por que os astronautas que saíram da
cápsula no espaço sideral não foram mortos pela radiação existente nos campos
magnéticos ao redor da Terra? Aquilo foi uma FARSA.
Resposta do professor: A
radiação nos cinturões de Van Allen é realmente suficientemente intensa para
matar um astronauta, só se ele você permanecer muito tempo na mesma. Os
astronautas ficaram expostos diretamente por um intervalo de tempo de
aproximadamente uma hora, portanto, sujeitos ao mesmo nível de radiação de um
operador de raio-x na Terra.
Onde está a cratera deixada pela explosão? Quando o módulo lunar pousou,
teria ter se formado uma cratera no lugar. Como isso não ocorreu, então aquilo
foi uma FARSA.
Resposta do professor: A
maioria das pessoas desacelera quando vai estacionar o carro - assim também fez
o módulo de aterrissagem. Ele pousou suavemente e a orientação dos foguetes
direcionados para baixo dispersou pelo vácuo a poeira apagando, assim, as marcas
do pouso.
Bônus:
Para ler estas e outras
explicações, acesse o link:
Se ainda dúvidas,
informe-se!
Sempre que ouvimos a
respeito de uma teoria, que contraria aquilo que pensávamos ter sido explicado
e comprovado pela ciência, devemos pensar: Existe embasamento científico para
isto? Lembre-se, para ser validada, uma teoria precisa passar por todas as
etapas do método científico. Em outras palavras, sempre que uma hipótese é
levantada ele precisa ser testada de várias formas, por muitos especialistas.
Em seguida, os resultados e as conclusões são expostos à comunidade científica
e avaliado por mais um grupo de cientistas. E só depois, havendo coerência, ele
será publicado e divulgado para a sociedade. Antes disso, nenhuma lei ou teoria
pode ser afirmada correta. Por isso, fique atento a validade dos conteúdos e
informações que, atualmente, recebemos aos turbilhões. Tenha senso crítico. A
ciência está aqui para nos ajudar a encontrar possíveis respostas para nossas
perguntas, portanto informe-se e questione a vontade!
Referências:
https://revistapesquisa.fapesp.br/resistencia-a-ciencia/
(acessado em 14 de julho de 2020).
https://www.sbmt.org.br/portal/ciencia-em-xeque-ataques-evidencia-cientifica-buscam-destruir-confianca-nas-instituicoes/
acessado em 14 de julho de 2020).
https://www.unescoportugal.mne.pt/pt/temas/ciencia-para-um-futuro-sustentavel/ciencia-para-a-sociedade
(acessado em 16 de julho de 2020).
https://www.ufrgs.br/blogdabc/como-funciona-o-metodo-cientifico/
(aecssado em 15 de julho de 2020).
https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/teorias-da-conspiracao-que-vao-mexer-com-sua-cabeca
(acessado em 14 de julho de 2020)
https://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2019-11-02/terraplanismo-no-brasil-pais-tera-1-convencao-e-ja-tem-mais-adeptos-do-que-eua.html
(acessado em 16 de julho de 2020)
http://www.observatorio.ufmg.br/pas14.htm
(acessado em 14 de julho de 2020)
(acessado em 14 de julho de
2020)
http://alexandremedeirosfisicaastronomia.blogspot.com/2011/10/os-conspiranoicos-e-lua.html/
(acessado em 14 de julho de 2020)
Parabéns! Ótima reflexão. Vou ler a referência sobre a viagem à lua. Desde criança, que escuto isso.
ResponderExcluirExcelente! Parabéns!
ResponderExcluirBELO TRABALHO. MAS VC SO REPETIU O QUE O PROFESSOR DISSE, NENHUMA OPNIAO OU RESPOSTA PROPRIA. MERA ESPECULACAO.
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