Uma iniciativa cuidadosa
Paloma Wiegand
A iniciativa de dialogar com nossos queridos estudantes de Literatura
vinculados à UNAPI – Universidade Aberta Universidade Aberta Para Idosos – tão presentes e participativos,
ganhou vida no dia 4 de maio. Responsáveis pelo projeto denominado “Diário do
Cuidado: diálogos aos 60+”, nós, estudantes da Licenciatura em Pedagogia na
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas, integramos o PET
Educação e somos orientados por uma Pedagoga, a Drª. Cristina Maria Rosa.
Originalmente organizado para ajudar a manter a saúde mental dos
idosos em tempos de crise, nos agrupamos de forma voluntária, tendo como
horizonte o desafio de acertar e, como meio, um aplicativo de mensagens.
Através de uma “boa conversa”, pensada, planejada e elaborada com
passos que são: a) apresentar-se; b) estipular uma rotina ou frequência de
contato; c) permitir o desabafo do idoso; d) incentivá-lo a realizar tarefas
como leitura, por exemplo; decidimos “deixar rolar” papos sobre temas como perspectivas,
relações, passatempos e planos para o futuro.
Um desejo, alentado por todos nós e de difícil resolução foi a escrita
da biografia de cada uma das pessoas pelas quais nos tornamos responsáveis.
Como metodologia, enviaríamos a eles a escrita pare que revisassem,
acrescentando ou ampliando as informações ali recolhidas.
Panorama
Atualmente vivemos uma situação de calamidade, não apenas no
Brasil, mas no mundo todo. O Coronavírus ou COVID-19 é uma doença infecciosa
respiratória e, como o próprio nome denuncia, trata-se de um vírus, portanto
sua propagação ocorre facilmente, e possui efeitos letais. A COVID-19 sobrevive
mesmo sobre superfícies, pode contaminar pessoas sem que estas apresentem qualquer
sintoma, além de ser uma doença com alto grau de transmissão nas cotidianas
atividades do ser humano. A partir de medidas emergenciais e na busca do
controle da pandemia, uma atitude tomada pelos órgãos responsáveis foi
recomendar que a população ficasse em casa, mas a esperança de um retorno ao
convívio que tínhamos antes, parece estar cada dia mais longe, o que tem
afligido e comprometido a saúde mental de muitos.
Em vista disso, nós, do PET Educação, instigados por nossa Tutora,
Drª Cristina Rosa, decidimos tomar a iniciativa de intervir com um grupo
considerado muito frágil: os idosos. Como conhecíamos um grupo, nos dirigimos a
eles e, desde então, estamos nos encontrando virtualmente.
Fatos e recomendações
Todos os dias, em algum momento da rotina, passamos por pelo menos
uma aglomeração: no supermercado, em uma sala de aula, na feira, no templo, em
uma loja ou café e até na rua. Quase todas são escolhas: escolhemos se queremos
ou não ir a esses lugares e deles podíamos nos afastar sempre que desejássemos.
Recentemente, porém, nos deparamos com a necessidade de evitar
essas tais vivências, uma vez que neles há maior propagação do vírus. Embora o
novo Coronavírus seja muito estudado
pelos cientistas de todo o mundo, é muito novo e permanece sem tratamento ou vacina.
Enquanto os estudiosos observam, avaliam, investigam, testam,
verificam, tentam encontrar uma formulação que seja capaz de impedir o contágio,
as autoridades de saúde pública recomendam o uso de materiais de proteção: máscaras,
álcool gel e, mais que tudo, higiene frequente, além de evitar tocar nos olhos,
boca e nariz, locais em que o vírus penetra em nosso sistema respiratório com
mais facilidade.
A medida mais limitante, no
entanto, foi o necessário distanciamento social, que consiste em aumentar o
espaço físico entre as pessoas, visando minimizar a propagação, respeitando a
distância segura recomendada pelos profissionais da saúde. Para os idosos, ficar
em casa foi o mais recorrente conselho e isso levou a um isolamento social. Longe
de amigos, colegas, familiares e entes queridos, muitos idosos sofrem mais do
que outros grupos etários.
Atividades que envolvem o convívio social como esportes, café ou chá
com amigos, um papinho no Café Aquário, uma caminhada no Laranjal e, no caso
dos nosso 60+ as aulas de Literatura entraram em “quarentena”, ou seja, foram suspensos.
A quarentena foi determinada pelo país como sendo uma maneira
prática de lidar com aqueles que se expuseram, seja por ter visitado outro país
ou por ter frequentado algum ambiente fechado e com grande movimentação de
pessoas. Quarentena é um cuidado especial realizado por quem possa ter sido
exposto ao vírus, provavelmente tendo sido infectado, e faz com que a pessoa se
isole dos demais por determinado tempo até que possa retomar suas atividades
domésticas normalmente com quem reside.
Bruscos impactos
É inegável o gradual sucesso que as recomendações dos profissionais
da saúde têm causado nos países aonde a doença se manifestou primeiro. Noticias
apontam as curvas de contágio sendo amenizadas e casos de recuperação sendo
comemorados. No Brasil, sequer alcançamos o “pico” da pandemia.
Considerando que esta pandemia cortou hábitos, fechou comércios e
estabelecimentos como escolas e igrejas, parques, museus, bibliotecas, livrarias e até a Universidade, a sociedade precisou lidar com uma brusca adaptação, o
que acarretou na experimentação de diversos sentimentos.
Quem está na linha de frente, médicos e enfermeiros intensivistas
talvez tenha sentido, de imediato, a pressão devido à responsabilidade e
demandas advindas do surgimento da doença. São profissões que tendem a lidar, a
cada dia, com frustrações no insucesso de vários casos. Além destes, outros
trabalhadores continuam desempenhando ativamente suas funções por serem consideradas
“serviços essenciais”.
Em meio a batalha enfrentada por quem se encontra na proteção de
sua casa ou arriscando a vida para salvar outras nos hospitais, quem está
lutando para continuar vivo e livrar-se do vírus, quem perdeu o emprego ou inventa
maneiras de sustentar a família, existe também quem foi cruelmente tomado por
pensamentos inevitavelmente ruins, fisgado por pensamentos negativos.
No ano de 2018, a OMS – Organização Mundial de Saúde estimava que a
depressão seria a doença mais incapacitante até 2020 e a mais comum do mundo em
2030. Embora tenhamos conhecimento de que a depressão é uma doença realmente
séria e grave, a mesma não é abordada com tal relevância.
Depressão: uma realidade
De acordo com dados do IBGE, em agosto de 2019 a depressão já era
sentida por 11,2 milhões de brasileiros. Relacionando este fato com o
surgimento da COVID-19, é mais do que pertinente pensarmos sobre a iminência da
depressão no grupo de risco mais atingido pelo Coronavírus – os idosos, uma vez que o IBGE informou que, dos 11,2
milhões de brasileiros afetados pela depressão, 11,1% eram representados pela faixa
etária entre 60 e 64 anos.
Diário do Cuidado: diálogos
aos 60+
Oito estudantes mais a tutora se revezam para conversar e cuidar de
sete idosos. São conversas que originaram boas amizades, papos furados,
indicações de livros, envio de áudios e, até, a um livro de receitas “da quarentena” e um livro
com poemas. Desses “papos”, quase despretensiosos, surgem escritas que estão publicadas
no BLOG do Grupo e que tornam memória esses momentos.
Ao menor sinal de risco – se percebemos que o caso é mais grave do
que nossa companhia resolva – a tutora é informada, pois o Grupo PET Educação
reconhece não ter formação específica para a realização de cuidados da saúde
mental de idoso. Então, o “caso” é enviado à Drª. Zayanna Lindôso, docente do Curso de Terapia Ocupacional
da UFPel especialista no tema. A professora assume o comando e orienta como
seguir dali em diante, encaminhando para atendimento especializado casos
considerados mais delicados ou que demandem atendimento especial. Na TO, há um
programa chamado PRO-GERONTO, dedicado a casos que exigem maior atenção.
Futuro: a quem pertence?
Como não sabemos nosso futuro,
demonstrações de que a humanização é a única solução para um futuro promissor é
o que nos move.
Assim, revelamos que o PET
Educação buscou partir de um ponto comum – a pandemia e o isolamento – para criar
laços: os diálogos que cuidam. Estamos aprendendo. Arriscamo-nos a sermos
importantes uns para os outros. Se ações positivas são possíveis, estamos em busca delas...
Uma boa visão e meu primeiro contato fui escolhido para conversar com a Paloma o que voou rotina..sempre mantemos contato com essa criaturinha linda pó dentro e por fora ..hoje sou bom amigo dela que carinhosamente que Chamo de Loirinha
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