Com o
título “EXTENSÃO PET EDUCAÇÃO: CONSTÂNCIA E INOVAÇÃO” é que o PET Educação foi
premiado o XXII SulPET, realizado em Pelotas entre os dias 01 e 04 de maio
deste ano. Elaborado pelos estudantes de Pedagogia Angélica Karsburg; Fernanda
Vieira Dos Santos e Valdoir Simões Campello, o trabalho foi apresentado na
sexta-feira pela formanda em Pedagogia IEDA MARIA KURTZ DE AZEVEDO. Como foco,
o trabalho de extensão desenvolvido pelo PET Educação nos últimos três anos, sob
a tutoria da professora de leitura literária da Faculdade de Educação da UFPel,
Drª Cristina Maria Rosa. A seguir, leia, na íntegra, o resumo enviado por Ieda
à organização do evento.
EXTENSÃO PET EDUCAÇÃO: CONSTÂNCIA
E INOVAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
No trabalho
apresentamos ações de extensão do PET Educação planejadas e desenvolvidas no
período 2016-2018. O fio condutor dessas intervenções de cunho extensionista e
que enfatizam o papel do PET com crianças, professoras e bibliotecárias de escolas
públicas, prioritariamente, é a formação do leitor literário. Para tal, o PET
Educação instituiu um acervo – organizado na Sala de Leitura Erico Verissimo – e
um grupo de estudos em leitura literária, o GELL. Um dos alicerces de
constituição do Programa de Educação Tutorial, a Extensão Universitária tem
como foco a transformação social. Assim, as ações no PET Educação são
deliberadas, o que significa que são planejadas, desenvolvidas e avaliadas a
partir de seu impacto, a fim de redimensionar atitudes e procedimentos. RODRIGUES,
BATALHA, PRATA, COSTA e NETO (2013) conceituam extensão como a possibilidade de
“praticar a teoria recebida dentro da sala de aula”. Para ROSA (2019), o conhecimento
é um processo infindo e é constantemente adquirido quando as teses que dispomos
são testadas e podem ser afirmadas, reformuladas, negadas, substituídas. Para a
pesquisadora, “Nada como um mergulho no mundo real, repleto de contradições e
demandas de variados tipos para percebermos se o que planejamos é exequível,
viável, pertinente, importante”. Em meados do Século XX, Freire (1969) publicou
o texto “Extención o Comunicación?”, no qual propunha aos pesquisadores e
extensionistas o dilema da comunicação entre o mundo do saber organizado em
categorias e regido pela razão e a “vida mesma", em que tradição, crenças,
hábitos e heranças são preponderantes. Para o autor, a questão estava nas mãos
de quem propunha a mudança, ou seja, na sensibilidade de quem quer “humanizar o
homem na ação consciente que este deve fazer para transformar o mundo” (CHONCHOL,
1969). O foco, para Freire (1969), era buscar ser um “educador-educando”. Em
suas palavras, “(...) aos homens se lhes problematiza sua situação concreta,
objetiva, real, para que, captando-a criticamente, atuem também criticamente,
sobre ela”. E complementa:
“Este, sim, é o trabalho
autêntico do (...) educador, do (...) especialista que atua com outros homens
sobre a realidade que os mediatiza. Não lhe cabe, portanto, de uma perspectiva
realmente humanista, estender suas técnicas, entregá-las, prescrevê-las; (...).
Como educador, se recusa a “domesticação” dos homens, sua tarefa corresponde ao
conceito de comunicação, não ao de extensão” (FREIRE, 1969, p. 14).
A extensão
é um diferencial na formação do graduando, pois promove vivências, contato com a
sociedade, experimentação de ideias e projetos e, desse modo, desenvolvimento
do senso crítico. Apresentar à comunidade escolar a leitura literária e o
artefato mais importante da nossa cultura escrita – o livro e seus atributos –
foi a escolha temática central das ações de extensão do grupo PET Educação.
BICALHO (2014) afirma que “a leitura é uma atividade complexa, em que o leitor
produz sentidos a partir das relações que estabelece entre as informações do
texto e seus conhecimentos”. Para Rosa (2019), a alfabetização literária
é o processo de apresentação da literatura – seus atributos e ritos –
a todos: bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Composto por
três atributos que a adjetivam, a alfabetização literária prescinde de
deliberação, constância e qualificação. Isso significa dizer que a formação do
gosto por ler literatura não pode ser aleatório, eventual e desprovida de
critérios. Ao propor ações extensionistas, o PET Educação busca educar
educando-se, pois é através do contato com a sociedade representada por
diversas pequenas realidades sociais que conhecemos crianças em situação de
aprendizagem: no centro, na periferia urbana, na zona rural e em bibliotecas e
salas de aula, com seus cuidadores e professores. É nessas interações que
apreendemos seus modos de pensar e agir no mundo, seus sonhos e curiosidades e
seus modos de ler o mundo e a palavra.
2.
METODOLOGIA
Na elaboração
do trabalho – de cunho qualiquantitativo – observamos em algumas fontes o rol
de ações de extensão desenvolvidas pelo PET Educação entre 2016-2018. Após,
elegemos uma delas para exemplificar o processo, desde sua proposição até a
avaliação do impacto. Assim, os procedimentos para compor o grupo de ações desenvolvidas
no período foram: 1) Leitura dos Planejamentos e Relatórios aprovados em 2016,
2017 e 2018; 2) Leitura de publicações no blog do grupo (http://peteducacao.blogspot.com/); 3)
Observação do banco de imagens produzidas em todas as ações de extensão; 4)
Escolha de uma das ações desenvolvidas para a apresentação com mais detalhes no
SulPET 2019; 5) Seleção de imagens e textos a comporem a apresentação oral no
Evento.
Nos
anos de 2016 a 2018, as ações de extensão do PET Educação foram: a) Restauro de
duas bibliotecas escolares: na E.E.E.F. Fernando Treptow (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2016/11/28/faculdade-de-educacao-entrega-biblioteca-restaurada-a-escola-fernando-treptow/)
e na E.E.E.F.I. Dr. José Brusque Filho (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2018/07/10/pet-educacao-participa-de-adequacao-de-biblioteca-escolar/);
b) Formação de professores leitores através de palestras e cursos como o
“Mediadores em Leitura Literária” (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2016/02/03/fae-promove-segundo-curso-de-mediadores-em-leitura-literaria/)
c) Formação de crianças leitoras em programas como o “Leitura na Escola” (http://saladeleituraericoverissimoufpel.blogspot.com/2017/09/emei-ruth-blank-um-dia-de-leitura.html),
o “Leitura para Meninas” (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2017/02/20/leituras-para-meninas-sera-um-dos-eventos-da-fae-para-o-dia-da-mulher/)
e o Espetáculo de leitura teatralizada de contos infantis de João Simões Lopes
Neto (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2018/08/16/grupo-da-fae-le-contos-infantis-de-joao-simoes-lopes-neto-as-15h-desta-sexta-17-no-museu-do-doce/);
d) Formação de leitores na sociedade através de oficinas, leituras públicas e
espetáculos de leitura como ocorrido no “Mulheres leem Mulheres” (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2017/03/06/mulheres-leem-mulheres-no-museu-do-doce/),
na “I Semana Internacional dos Saberes Percussivos” (http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2017/11/como-as-historias-se-espalharam-pelo.html),
no XII CNEVH, nas leituras públicas de “No Manantial” (https://wp.ufpel.edu.br/prec/2017/12/22/espetaculo-de-natal-leitura-teatralizada-de-no-manantial/)
e “Melancia Coco Verde” (https://wp.ufpel.edu.br/prec/2018/12/10/espetaculo-de-natal-leitura-de-melancia-coco-verde/),
de João Simões Neto; e) Curso de formação de Bibliotecárias das escolas
municipais em Pelotas, o “Somos Loucos por Livros” (https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2018/04/19/gell-promove-curso-somos-loucos-por-livros/).
Em todas essas ações, foi preponderante a existência de um acervo de obras
literárias – organizado na Sala de Leitura Erico Verissimo – e do GELL - grupo
de estudos em leitura literária. Entre os resultados, selecionamos uma relevante
ação extensionista, por sua abrangência, envolvimento e impacto: o restauro de
bibliotecas escolares. O projeto surgiu da ciência de que, na maioria das
escolas públicas a biblioteca escolar é um local esquecido, utilizado como
“depósito de livros”, ignorando-se que esse deve funcionar como um “espaço de
circularidade de saberes”, que contribui “na formação de um cidadão crítico
para a sociedade” (SILVA, 1999). Desse modo, nos propusemos, a convite da gestão,
a organizar e classificar o acervo da biblioteca da Escola Estadual de Ensino
Fundamental Fernando Treptow, localizada na periferia urbana de Pelotas. Ao
perceber que o espaço demandava também uma restauração na arquitetura, decidiu empreender
esforços de modo a oferecer aos usuários um ambiente funcional, agradável
esteticamente e autogestionado. Após a observação e medição de paredes e aberturas,
avaliação de móveis e utensílios e elaboração de uma planta, as ações
empreendidas foram a recuperação do piso e rede elétrica, pintura de paredes,
restauro e customização de móveis e utensílios, setorização de ambientes
(recepção, pesquisa, auditório, leitura silenciosa e leitura deleite),
ambientação do local e classificação e organização do acervo.
As
ações de extensão promovidas pelo PET Educação entre 2016 e 2018 têm a constância
como seu maior valor e a elaboração e o desenvolvimento de um novo conceito – a
Alfabetização Literária – como sua maior inovação. Alfabetizar literariamente
qualquer cidadão extrapola as funções profissionais da Pedagogia e se insere no
que Freire (1969) propôs como Extensão Universitária. Reconhecido pela
comunidade escolar – professores, gestores, crianças, servidores e pais – e
pela sociedade em geral, o PET tem recebido constantes convites para
reapresentar ou reofertar palestras, cursos, programas. É essa demanda
reiterada que nos leva a consolidar, com respeito aos atores sociais, as
proposições e, na Universidade, a avaliá-las e aprimorá-las.
5.
AGRADECIMENTOS
Os
autores agradecem ao Programa de Educação Tutorial fomentado pelo FNDE/SESu/MEC
e dedica o trabalho a todos que colaboraram direta ou indiretamente com a
realização de todas as ações de extensão do PET Educação.
6.
REFERÊNCIAS
EXTENSÃO:
TU SABES, EU SEI... In: ROSA, Cristina Maria. Alfabeto à Parte. Pelotas,
05 abr. 2019. Acessado em 05 abr. 2019. Online. Disponível em: https://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2019/04/extensao-tu-sabes-eu-sei.html
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? Tradução
de Rosisca Darcy de Oliveira. Prefácio de Jacques Chonchol. 8ª ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1985.
FREIRE, Paulo. Extensión o comunicación? Santiago
de Chile, Instituto de Capacitación e Investigación en Reforma Agraria, 1969.
LEITURA. In: BICALHO, Delaine Cafiero. Glossário
Ceale: Termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores. Belo
Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação. Acessado em 18 set. 2017. Online.
Disponível em: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/leitura
PEQUENO
GLOSSÁRIO: ALFABETIZAÇÃO LITERÁRIA. In: ROSA, Cristina Maria. Alfabeto à Parte,
Pelotas, 07 de janeiro de 2019. Acessado em 05 abr. 2019. Online. Disponível
em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2019/01/pequeno-glossario-alfabetizacao.html
RODRIGUES, BATALHA, PRATA, COSTA e NETO. In:
SANTOS, J.H.; ROCHA, B.F. & PASSAGLIO, K.T. Extensão Universitária e
Formação no Ensino Superior. Revista Brasileira de Extensão Universitária v. 7,
n. 1, p.23-28 jan. – jun. 2016 e-ISSN 2358-0399.
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