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12 outubro 2020

12 de outubro: um dia para a infância!


Leitura literária: o belo e o útil

Cristina Maria Rosa

Ouvir histórias lidas, desde há muito tempo é um hábito que envolve prazer, instrução e informação. Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se também uma prática necessária na Idade Média, pois, segundo Manguel (1999), até a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado de leitores.

Diferenciada das demais linguagens por ser intrinsecamente interdisciplinar, a leitura literária é comprometida com a capacidade ancestral de imaginar e confunde, intencionalmente, o belo com o útil, o lúdico com o razoável, devendo ser apresentada às crianças logo que elas dão início ao contato com o mundo. Para Machado (2012), ela se expressa, inicialmente, nas cantigas de pai e mãe para seu bebê ao colo e, depois, à medida que este vai crescendo, “novas formas de criação verbal lhe vão sendo oferecidas pelos mais velhos – jogos, brincadeiras, parlendas, adivinhas, trovas. E histórias, muitas histórias” (MACHADO, 2012, p. 11) que ficam guardadas na memória integrando seu legado cultural, sua herança, seu repertório particular. 

 A literatura na escola, para que ocorra, pressupõe um processo de letramento literário que não é espontâneo. Como resultado de uma intencionalidade, deve ter planejamento. Neste cabem algumas etapas, sem as quais o processo poderá não ter êxito. O objetivo do letramento literário é tornar as crianças leitoras fluentes e, o processo de formação desse leitor ocorre, de acordo com Machado (2008), quando a criança entra em contato com narrativas, provérbios, ditos populares, adivinhas, parlendas, textos ficcionais e poéticos através das vozes do universo familiar e, logo depois, de forma organizada e frequente, passa a conhecer os impressos – preponderantemente livros – que apresentam, em verso e em prosa, o repertório de nossa cultura escrita.

Quando as crianças ingressam nos anos finais do Ensino Fundamental, se estiverem inseridas no processo de letramento desde a escola infantil, poderão interagir sem mediadores com a cultura literária que as envolve. Desse modo, passam a escolher o que ler, quando, com que frequência e até mesmo indicar livros que gostam. Mesmo nesse momento, segundo Machado (2008), “o trabalho dos professores, continua a ser imprescindível no sentido de ampliar, a cada etapa da escolaridade, as experiências literárias de seus alunos”.

Na experiência desenvolvida, a proposição de estabelecer um vínculo imediato entre autor/mediador através do envio de narrativas às professoras e seus alunos, foi alcançado. Como primeiro passo, as professoras puderam ler as narrativas na tela do computador, escolher entre várias a mais adequadas aos seus, incentivá-los a ilustrar com materiais gráficos variados. Ao ver o resultado, professoras e crianças puderam usufruir de um produto partilhado em que cada ator estava representado em igual tamanho e importância, dividindo a criação e projetando novas experiências. As crianças, na escola, puderam ver seus desenhos em outras dimensões, partilhar sua produção com os demais e ler novamente o conto, agora ilustrado.

Doce, a “literatura infantil contemporânea deve deleitar os pequenos leitores, cumprindo seu destino estético”, mas, “ao mesmo tempo, deve ser útil, atendendo as demandas históricas” sugere Paulino (2010, p. 115).

 


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