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18 abril 2021

Ensinar a ler e escrever: a razão de existir da Pedagogia

Dia nacional do livro infantil

Cristina Maria Rosa

     


            A pedagogia nasce com o intuito de disseminar saberes e competências acerca da escrita. Essa invenção humana recente oportuniza que nos orgulhemos, como espécie, de utilizar o intelecto e, desta forma, nos tornarmos mais e mais inteligentes.

Não é qualquer profissional que conhece os processos de ensino e apropriação da escrita. Cabe aos Pedagogos e Pedagogas esse talento, na sociedade. Só a eles. E é por isso que hoje, dia nacional do livro infantil, estou me manifestando.

A língua escrita é parte constitutiva das interações entre adultos e crianças. Processos e estratégias interpretativas integram essas interações. A Escrita é um sistema de representação da fala. Sim, mas a escrita é muito mais do que isso.

A humanidade inventou importantes sistemas notacionais. Um deles, a escrita alfabética. É uma “econômica e complexa representação da fala” (Morais, 2014) e nós, Pedagogos, sabemos que a aprendizagem das correspondências entre sons e suas grafias tem sido preponderante para a autonomia na leitura e na produção de textos. Mas...

Escrever não é só rabiscar (grafia) sons (fonemas).

Claro que não!

Escrever é mais. Muito mais...

Representar a fala é apenas um dos conceitos da escrita. É um conceito “técnico”. E há outros conceitos...

Há o conceito antropológico. Para ele, escrever é deixar marcas. Desde as inscrições rupestres sabemos disso. Escrever é herdar e legar.

Há o conceito histórico. Nele, escrever é registrar muitas versões do mesmo acontecido. Algumas, para que aprendamos e não repitamos massacres, violências, dores e mortes. Outras, para elogiar nossa caminhada como espécie no planeta.

Para a Física, escrever é uma forma de permanecer, de se transformar. Assim como a morte que, fisicamente, não existe, escrever é estar, a todo momento, se transmutando. “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", escreveu Lavoisier (Antoine Laurent Lavoisier, 1743-1794) e, por isso mesmo, se transformou em lenda.

Aprendendo...

Para poder se apropriar do Sistema de Escrita Alfabética, de suas convenções e possibilidades de uso, qualquer criança e ou adulto precisa compreender como ele funciona. Nesse início do Século XXI, parte considerável dos educadores deseja e trabalha para que a aprendizagem deste sistema integre as demais práticas letradas, o que inclui conhecer e aprender a usar os diversos gêneros textuais que circulam na sociedade.

Assim, o objetivo da alfabetização escolar extrapola a apropriação do sistema de escrita alfabética, suas regras e convenções.

Invencionice

Invenção recente na história humana, a apropriação da escrita e seus desdobramentos desse porte pode mudar a vida em sociedade. Por quê? O objeto cultural – o alfabeto e suas convenções – passa a ser algo interno, disponível na mente do aprendiz. E pode ser usado inusitada e infinitamente...

Educação infantil...

A apropriação da linguagem escrita na Educação Infantil designa o processo educativo por meio do qual as crianças vão expandindo seus conhecimentos e suas experiências relacionadas à cultura escrita, de acordo com Mônica Baptista (2014). Esse processo pressupõe situações de aprendizagem planejadas, sequenciadas, sistematizadas e desenvolvidas por profissionais qualificados e devidamente habilitados, que, de um lado, garantam o contato cotidiano das crianças com variados suportes e gêneros discursivos orais e escritos e, de outro lado, incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento e o conhecimento das crianças sobre a linguagem escrita.

Para a pesquisadora do CEALE, na escola deve ser ofertada a continuidade a processos “de construção de conhecimento que se iniciou antes da entrada da criança” nas instituições educativa. Para tal, propõe que o adulto responsável pela educação de crianças pequenas, deve dispor de saberes que estimulem o processo de apropriação da linguagem escrita e afirma que cabe às instituições educativas o dever de assegurar à criança o seu direito de interagir com a cultura letrada e dela participar desde a mais tenra idade.

Princípios orientadores

Um dos mais importantes princípios é reconhecer que a apropriação da linguagem escrita é um trabalho contínuo que requer intensa elaboração cognitiva e que se constitui como fonte de interações e de reflexão sobre si e sobre o mundo. Assim, conclui Mônica Baptista (2014), “promover e intensificar o contato da criança com diferentes gêneros discursivos, em especial com a literatura entendida como arte” é preponderante.

E os livros?

Escrever é herdar e legar. E a escrita pode ser encontrada em diferentes suportes e com diferenciadas funções. São exemplos de como esta conquista da espécie humana circula na cultura.

Os livros, em especial, são valorizados suportes da escrita. Por serem longevos, reunirem e apresentarem parte considerável da cultura e registrarem, pela própria existência, a conquista que foi a invenção da escrita.

No dia nacional do livro infantil, minha homenagem ao livro. A todo e qualquer livro que torna nossa existência uma transformação constante.

 Referências:

http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/apropriacao-do-sistema-de-escrita-alfabetica

http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/oralidade-e-escrita

http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2020/07/25-de-julho-dia-do-escritor.html

 

 


Um comentário:

  1. Parabéns ap PET/Cris Rosa pelo texto! Belíssimas formas de homenagear o Dia do Livro Infantil e os profissionais da Pedagogia. Me senti honrada! Grande abraço

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