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28 julho 2020

Pseudociência: a terra da lua...

Elementar, meu caro Armstrong!
Carina Peraça

Recentemente, fui convidada a escrever sobre o aniversário da chegada do homem na lua traçando um paralelo sobre “curioso” fenômeno de pessoas que acreditam que a terra, nosso querido planeta, é plana. Minha primeira atitude antes de escrever qualquer texto de opinião é sempre estudar o assunto e ler muito sobre ele, seja qual for. 
Portanto, antes de tudo, fui buscar entender que movimento é este e o que leva as pessoas a acreditarem que vivemos em um disco cercado por paredões de gelo. Os resultados da minha busca foram, de certa forma, assustadores e me fizeram pensar que, por mais cômico que seja a ideia de viver sobre uma pizza de Westeros, as consequências desta brincadeira podem significar uma ameaça à ciência. Estamos vivendo, no mundo todo, uma onda de tentativas de desconstrução da credibilidade científica. Isto tende a ocorrer sempre que os resultados científicos não vão ao encontro de interesses políticos e econômicos.
Ciência e Sociedade
Existe uma confusão sobre qual é, de fato, o papel da ciência em uma sociedade. A ciência busca identificar padrões em fenômenos da natureza e traduzi-los em leis gerais e teorias que auxiliam na solução de problemas presentes na sociedade.
Para isso, os pesquisadores trabalham com base no Método Científico.
Isso significa que, antes de serem desenvolvidas as teorias, são levantadas hipóteses, como possíveis soluções às questões a serem respondidas. Estas hipóteses são testadas, várias vezes, por cientistas diferentes, usando metodologias distintas. Os resultados obtidos precisam ser equivalentes entre todos os experimentos. Somente assim, os dados com estes resultados são submetidos para a publicação, onde um grupo de outros cientistas, que não possui relação entre si ou com os demais, avalia o texto escrito, questiona os pontos relevantes, e somente depois, aprova ou não. Ainda assim, os resultados aprovados e publicados podem ser, mais tarde, refutados, caso surjam novos experimentos que possam contestar os anteriores. A ciência é baseada em fatos! Os dados obtidos pelos cientistas correspondem ao comportamento da natureza, e não à vontade de terceiros. Portanto, os cientistas buscam compreender os fenômenos da natureza e de que maneira estes podem impactar na vida das pessoas, identificando as necessidades do planeta e da sociedade e encontrando soluções para tais.
Refutar a verdade...
A ideia de refutar a verdade, quando esta não nos agrada é o que da voz as famosas teorias de conspiração. Basta um ego ferido, uma mente fértil e uma dose de maldade para nascerem as mais absurdas teorias, que com a ajuda de redes sociais espalham-se rapidamente pela superfície terrestre. Em alguns casos, são histórias dignas de boas risadas, como, por exemplo, a ideia de que o ex-presidente norte-americano, Barack Obama, é o embaixador da Terra em Marte.
Ainda temos a nossa famosa teoria terraplanista, já citada por aqui. Os adeptos a esta teoria, acreditam que a terra é um disco, suspenso em um oceano (o espaço não existe para eles) e cercado por um denso paredão de gelo. O curioso é que ninguém consegue atravessar ou escalar o paredão, pois uma equipe de seguranças de um serviço secreto que não quer que as pessoas acreditem na “grande verdade” está cercando a região.
Ai ai… é engraçado, eu confesso, mas o perigo começa quando estas histórias colocam em risco a segurança e a saúde da população. A exemplo disso, temos as teorias anti-vacinas, ou as dezenas de tratamentos e medicamentos para a COVID-19, compartilhados em redes sociais todos os dias. Se neste momento, caros leitores e leitoras, vocês estão associando teorias de conspiração à fake news, estão corretíssimos. Sendo assim, partindo das nossas recentes experiências, conseguimos enxergar o perigo que estas anedotas escondem.
E por falar em teorias de conspiração...
No dia 20 de julho, um dos mais importantes acontecimentos científicos do mundo, completa 51 anos. Estamos falando do primeiro passo de um homem na lua, dado por Niel Armstrong, durante a famosa missão Apollo 11, em 19697. Neste dia, cerca de um bilhão de pessoas assistiram pela televisão o pouso do módulo lunar batizado de “eagle”, que em português significa águia, na lua. Duas horas após a alunissagem da nave, o astronauta Neil Armstrong torna-se o primeiro homem a pousar na lua, seguido pelo seu colega, o astronauta Edwin Aldrin. A expedição durou cerca de 22 horas, das quais 2h e 40 min se deram fora da nave. Enquanto os dois companheiros estavam na superfície, Michael Collins, o terceiro astronauta envolvido na missão, pilotou sozinho o módulo de comando e serviço Columbia, na órbita da lua. Os três partiram na nave Saturno V, do Centro Espacial John F. Kennedy na Flórida, no dia 16 de julho. Esta foi a quinta missão tripulada do programa Apollo da NASA. A nave era formada por três partes: um módulo de comando com uma cabine para os três astronautas (somente esta parte retornaria a terra); um módulo de serviço, que apoiava o módulo de comando com propulsão, energia elétrica, oxigênio e água; e um módulo lunar dividido em dois estágios, um de descida para a Lua e um de subida para levar os astronautas de volta à órbita. No dia 24 de julho de 1969, os três astronautas chegam em segurança à terra e entram para a história como os tripulantes da primeira expedição em solo lunar.
Farsa. Será?
Quase tão antiga quanto à chegada do homem na lua, é a teoria de conspiração que julga ter sido tudo uma grande farsa. Em seu blog de divulgação, o professor Alexandre Moraes da UFRPE, aborda de forma bem humorada as teorias criadas pelos “conspiranóicos”, palavra que ele mesmo atribui aos adeptos às teorias de conspiração9. O professor destaca dez das alegações mais frequentes, feitas por aqueles que duvidam que o homem tenha estado na lua, e explica com embasamento científico cada um destes fatos. Selecionei aqui, algumas destas afirmações seguidas pelas respectivas explicações, mas aconselho fortemente, a leitura completa do texto. Seguem as teorias e suas correções:

A bandeira tremulando: Por que a bandeira dos EUA que está plantada no solo parece tremular em uma brisa apesar de se saber que os astronautas estão em um vácuo? Aquilo foi uma FARSA.
Resposta do professor: A bandeira tinha um bastão horizontal rígido inserido na parte superior para que ela ficasse bem esticada nas fotos. Os astronautas, entretanto, não estenderam por completo a bandeira ao longo do bastão horizontal e ela ficou com um vinco bem perceptível. Por outro lado, ao colocar a bandeira fincada ao solo ela ficou naturalmente oscilando para frente e para trás. E esta oscilação não tinha o amortecimento do ar para retardá-la. O resultado foi que os ignaros conspiranóicos “viram” um vento, mas não se deram conta de que as dobras da bandeira incrivelmente não mudavam com aquela oscilação.

O cinturão de Van Allen: Por que os astronautas que saíram da cápsula no espaço sideral não foram mortos pela radiação existente nos campos magnéticos ao redor da Terra? Aquilo foi uma FARSA.
Resposta do professor: A radiação nos cinturões de Van Allen é realmente suficientemente intensa para matar um astronauta, só se ele você permanecer muito tempo na mesma. Os astronautas ficaram expostos diretamente por um intervalo de tempo de aproximadamente uma hora, portanto, sujeitos ao mesmo nível de radiação de um operador de raio-x na Terra.

Onde está a cratera deixada pela explosão? Quando o módulo lunar pousou, teria ter se formado uma cratera no lugar. Como isso não ocorreu, então aquilo foi uma FARSA.
Resposta do professor: A maioria das pessoas desacelera quando vai estacionar o carro - assim também fez o módulo de aterrissagem. Ele pousou suavemente e a orientação dos foguetes direcionados para baixo dispersou pelo vácuo a poeira apagando, assim, as marcas do pouso.
Bônus:
Para ler estas e outras explicações, acesse o link:
Se ainda dúvidas, informe-se!
Sempre que ouvimos a respeito de uma teoria, que contraria aquilo que pensávamos ter sido explicado e comprovado pela ciência, devemos pensar: Existe embasamento científico para isto? Lembre-se, para ser validada, uma teoria precisa passar por todas as etapas do método científico. Em outras palavras, sempre que uma hipótese é levantada ele precisa ser testada de várias formas, por muitos especialistas. Em seguida, os resultados e as conclusões são expostos à comunidade científica e avaliado por mais um grupo de cientistas. E só depois, havendo coerência, ele será publicado e divulgado para a sociedade. Antes disso, nenhuma lei ou teoria pode ser afirmada correta. Por isso, fique atento a validade dos conteúdos e informações que, atualmente, recebemos aos turbilhões. Tenha senso crítico. A ciência está aqui para nos ajudar a encontrar possíveis respostas para nossas perguntas, portanto informe-se e questione a vontade!
Referências:
https://revistapesquisa.fapesp.br/resistencia-a-ciencia/  (acessado em 14 de julho de 2020).
http://www.observatorio.ufmg.br/pas14.htm (acessado em 14 de julho de 2020)
 (acessado em 14 de julho de 2020)

3 comentários:

  1. Parabéns! Ótima reflexão. Vou ler a referência sobre a viagem à lua. Desde criança, que escuto isso.

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  2. BELO TRABALHO. MAS VC SO REPETIU O QUE O PROFESSOR DISSE, NENHUMA OPNIAO OU RESPOSTA PROPRIA. MERA ESPECULACAO.

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