Ilustração Maurício Negro |
20 de novembro: vozes...
O PET Educação convidou a Francisca, Licenciada em História, Especialista em Direitos Humanos e Cidadania e Mestranda em
História, militante das causas de todos nós, humanos, para escrever algo publicar aqui, no dia de hoje.
Agradecemos a ti, Fran, pela emocionante escrita, tão gentilmente compartilhada. E, afirmamos em treze vozes: estamos contigo e, juntos, somos melhores!
Sou descendente de povo rico de pluralidade!
Francisca Mesquita Jesus[1]
Quando nos colocamos na condição humana, não
temos raça, cor de pele, distinções sociais, econômicas, políticas, temos
apenas a condição de humanidade, essa que nos faz ver na alma, ver além.
Não sou descendente de escravos, sou
descendente de reis e rainhas africanas, sou descendente de povo forte,
aguerrido em sua cultura e rico de pluralidade.
Meus ancestrais foram aqui subjugados, mortos,
violentados de todas as formas, foram aqui objetificados, massacrados, mas
nunca se absteve da luta, nesse dia 20 de novembro não comemoramos consciência,
nem sequer nos alegramos. Nesta data, colocamos à flor nossa ancestralidade,
compartilhamos saberes negros, escutamos vozes negras, que se estendem e
anunciam que um novo tempo se aproxima.
Deixo aqui, um poema de Conceição Evaristo...
Vozes-mulheres
A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
fome.
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