Estefânia Konrad
▼
Páginas
▼
30 junho 2020
29 junho 2020
A educação e o trabalho remoto: PET Educação entrevista
Cristina Rosa
Estefânia Konrad
Evidenciar como um grupo de professores está atuando nesse momento em que
a educação formal, presencial e remota, está em foco na sociedade foi a
intenção do Grupo de Educação Tutorial – PET Educação. Para tal, em 21 de maio
de 2020, demos início ao estudo de um tema pertinente a esses “novos tempos”: o
trabalho remoto.
Inicialmente em contato com três profissionais que atuam em locais de
ensino peculiares (na rede pública municipal, em escola privada e na Faculdade
de Educação da UFPel), o desejo era, ao fim de um tempo de perguntas e
respostas, elaborar um pequeno artigo sobre como professores estão se relacionando com o estudo – ensino e a
aprendizagem, seus e de seus alunos e/ou filhos – especialmente nesse tempo. Além
desses três profissionais que permitiram publicar seus nomes, criamos um grupo
composto por 79 professores em uma rede social, a quem também dirigimos perguntas, com
o intuito de dialogar sobre vínculo e trabalho durante a suspensão das aulas
presenciais.
Tendo recebido boa acolhida a nossa demanda, o projeto foi levado a cabo
nesta semana, quando publicamos os últimos resultados do estudo que estás
lendo. Os primeiros depoimentos foram publicados em 13 de junho de 2020, no Blog
do PET Educação e podem ser conhecidos em: http://peteducacao.blogspot.com/2020/06/professores-na-pandemia-reinvencao.html
Professores e as demandas...
Chamados a responder a questão social e política que surgiu com a impossibilidade de ir à escola, os professores tiveram que responder através da qualidade, intensidade, frequência e resultado de seu trabalho a pais, colegas, direções, gestores e à sociedade.
Chamados a responder a questão social e política que surgiu com a impossibilidade de ir à escola, os professores tiveram que responder através da qualidade, intensidade, frequência e resultado de seu trabalho a pais, colegas, direções, gestores e à sociedade.
O que pensam disso os professores que estão na linha de frente dessa
demanda social? Como se organizaram para corresponder às expectativas? Qual o
grupo de equipamentos que precisaram dispor para trabalhar? Como se sentem ao
ter que inventar-se, todos os dias?
Diante dessas curiosidades, nossa pesquisa buscou conhecer como os
professores compreendem o momento. Através de sete perguntas, a intenção foi
inventariar como estes docentes estão lidando com o ensino a distância, com
seus alunos e as famílias destes, com os equipamentos e redes de aceso e,
também, com as plataformas digitais.
Professores, perguntas e respostas...
Professora Jéssica |
Os três
profissionais que responderam ao questionário são conhecidos do grupo PET
Educação e permitiram que seus nomes e experiências fossem revelados. Antônio
Maurício é docente em uma Instituição Federal de Ensino Superior e ministra
aulas para jovens e adultos. Leonardo é Pedagogo e docente recém-concursado na
rede pública municipal e seus alunos são crianças e pré-adolescentes e, a
professora Jéssica, é estudante de Pedagogia e leciona em uma turma de crianças
com menos de seis anos matriculadas na Educação Infantil de um colégio privado.
Três perspectivas diferentes, tanto em função do público alvo como das demandas
e atributos culturais e econômicos.
Quais as
características que nos fizeram escolher Antônio, Jéssica e Leo? Estarem
trabalhando remotamente, serem de três locais de trabalho diferentes – Universidade,
escola privada e escola pública na periferia urbana – e terem formações
diferenciadas.
As questões pensadas
e enviadas para que esses três professores respondessem foram: Primeira vez que
trabalhas remotamente? Tiveste formação específica na licenciatura para tal? Se
não, onde adquiriu a formação? Como está sendo? Quais os “ganhos” e as “perdas”
para tua constituição como profissional? Quais são os equipamentos usas? Quais
os suportes de internet que tens usado? Relate uma curiosidade ocorrida...
Para Antônio
Maurício, que atua na modalidade EAD desde 2007, o início foi como “bolsista
tutor no Curso de Pedagogia da UFPel”. Posteriormente o professor fez “concurso
público para professor numa vaga EAD na FURG” e atuou por “dois anos como
professor, coordenador de tutoria e coordenador pedagógico de cursos a
distância”. Considera que nesse período, aprendeu “muito sobre a modalidade”. Porém,
declarou o professor, ao trabalhar “emergencialmente” no formato a distância ou
remoto está sendo a primeira vez. Em suas palavras:
"Assim que teve início a pandemia e o isolamento social, pensei em
contribuir com os professores promovendo um curso de extensão, com adesão
voluntária, para os que ensinam matemática nos anos iniciais. O curso foi
divulgado e, em menos de 24 horas, tivemos 350 inscrições do país inteiro,
facilidade essa permitida pela modalidade à distância, uma vez que apresenta
mobilidade na organização espaço-tempo. Obviamente que minha experiência, como
professor de cursos a distância, contribuiu para a oferta do curso. Pretendo,
no período de calendário alternativo da UFPel, oferecer alguma atividade de
ensino ou extensão de modo remoto, pois a unidade que trabalho teve como
encaminhamento a não oferta de disciplinas no referido calendário, assim
pretendo atender aos alunos do curso que estou vinculado, por meio de projetos,
com adesão voluntária dos estudantes".
Tanto para Jéssica
como para Leonardo, essa é a primeira experiência, como professores e com o
trabalho remoto. No caso de Leonardo, que se declarou “atormentado por uma pandemia
que não se vivia há anos no ocidente”, a condição de “professor novato”, uma
vez que foi recentemente nomeado e assinou sua “posse no cargo em 10 de março,
ambos deste ano de 2020”, a primeira vez como professor está sendo “diante de
uma numerosa turma de alunos de um 4º ano da Escola Municipal Francisco Caruccio”.
A formação para o trabalho on-line...
Ao indagar a respeito de suas formações para o trabalho remoto, nossa intenção era conhecer se as graduações nas quais os professores foram preparados para a docência possuíam, em seus currículos, esse grupo de informações.
Ao indagar a respeito de suas formações para o trabalho remoto, nossa intenção era conhecer se as graduações nas quais os professores foram preparados para a docência possuíam, em seus currículos, esse grupo de informações.
Antônio Maurício
rememorou que, em seu primeiro curso de licenciatura, realizado no período
1994-1997, "não se falava tanto em educação à distância e menos ainda em uso das tecnologias nos cursos de formação de professores". Posteriormente, quando cursou nova graduação – Pedagogia,
na modalidade EAD – estranhou que, “apesar de ser um curso mediado pelas
tecnologias, novamente não se promovia o debate para o futuro uso pedagógico
das ferramentas pelos estudantes, futuros professores”. Assim, sua formação “deu-se,
de fato, na prática”.
Para a professora
Jéssica, não houve formação para uso das tecnologias, na Licenciatura em Pedagogia da FaE/UFPel, da qual é
estudante formanda. Para o trabalho que tem de desempenhar desde março de 2020,
tem se socorrido com tutoriais disponíveis on-line e a formação que a escola na
qual trabalha ofereceu. Sobre o tema, o professor Leonardo afirmou:
Professor Leonardo |
Considerações...
Ao analisarmos as trajetórias de formação dos três respondentes, percebemos que, apesar do intervalo de tempo entre suas graduações ser amplo, a semelhança está na inexistência de se instituir nos currículos, seja de forma direta, indireta ou transversal, a capacitação para o ensino à distância.
Ao analisarmos as trajetórias de formação dos três respondentes, percebemos que, apesar do intervalo de tempo entre suas graduações ser amplo, a semelhança está na inexistência de se instituir nos currículos, seja de forma direta, indireta ou transversal, a capacitação para o ensino à distância.
Se o país dispõe,
há um tempo considerável, de dispositivos e tecnologias que possibilitam a existência
da modalidade EAD, é quase incompreensível que ainda perdure uma resistência
por parte da educação acontecer à distância. Observando o fenômeno, GOMES
(2013) considera que isso ocorre, pois a modalidade oferece insegurança. Em
suas palavras:
(...) as tecnologias atuais trazem certo incômodo e também desafios à
escola e à universidade que, ainda, em grande parte dos casos, procura adaptar
as tecnologias aos modelos tradicionais de ensino, quer no presencial, quer na
EaD, buscando pouca ou nenhuma inovação nas práticas pedagógicas e
aparentemente também pouca reflexão sobre o papel da universidade frente às
demandas contemporâneas, sob o viés da tecnologia educacional. Talvez isso
ocorra, em parte, porque a pedagogia anda no rastro da tecnologia e a
instituição escolar mais atrás ainda; ou porque o foco pela ampliação do acesso
e a uma melhora nas estatísticas mundiais tenha deslocado as preocupações (GOMES, 2013, p.
22).
A Educação a distância: uma modalidade de ensino
Pesquisadora Estefânia Konrad |
Sem formação específica
e com experiência na modalidade presencial, os professores por nós
entrevistados tiveram que, rapidamente, propor processos de aprendizagem à
distância. Assim, logo ficamos interessados em saber como está sendo esta
experiência.
Para Antônio Maurício,
que ofereceu um curso para os que ensinam matemática nos anos iniciais, o aproveitamento foi
de “mais de 50% dos inscritos com certificado, evidenciando o interesse dos
cursistas”. Para ele, a experiência “foi muito positiva, havendo engajamento
dos participantes nas atividades propostas, realização das tarefas,
participação efetiva nos debates e fóruns” além de “retornos positivos sobre os
encaminhamentos do curso”. O professor ressaltou que vários cursistas agradeceram
“a oportunidade de ocuparem seu tempo de pandemia com atividades que iriam
contribuir para sua prática docente, no retorno às aulas presenciais”.
Um desafio, no
começo, a professora Jéssica, afirmou que, “agora, imersa no processo de meses
com aulas on-line, já se sente mais confiante”. Já o Pedagogo Leonardo escreveu:
"Atuar como professor tem sido uma experiência rica e bastante desafiadora.
As desigualdades sociais tornaram-se evidentes e a pandemia colaborou para exacerbá-las.
Na minha turma de quarto ano, por exemplo, 33 alunos frequentavam as aulas
presencias e eram bastante assíduos. Com o início da pandemia e a partir as
atividades enviadas de forma on-line, um número assustador aparece em minha
frente: menos de 50% dos alunos tem acesso à internet. Destes, parte não sabe
usar a internet ou não são autorizados pelos pais, outro grupo tem uma internet
muito ruim e há os que, de fato, acessam e realizam as atividades mandadas pela
escola. Chegamos então, a apenas “oito alunos que cumprem todos os requisitos
básicos exigidos pelas estruturas educacionais do município”.
ARAÚJO (2014), em
resenha do livro EAD em tela: Docência,
ensino e ferramentas digitais, considera que “introduzir
essa modalidade de ensino em nossos contextos, seja escolar, seja acadêmico –
nas esferas pública ou particular – é propiciar mudanças significativas na
maneira de ensinar e aprender de professores e de alunos”.
Perdas e ganhos...
Diante dessas mudanças propiciadas, quais teriam sido as “perdas” e os “ganhos” que a emergência de exercer a profissão de forma remota acarretou a nossos entrevistados? Para o professor Antônio Maurício, “o maior ganho é novamente perceber, na prática, a potencialidade da aprendizagem mediada por tecnologias”. Em suas palavras:
Diante dessas mudanças propiciadas, quais teriam sido as “perdas” e os “ganhos” que a emergência de exercer a profissão de forma remota acarretou a nossos entrevistados? Para o professor Antônio Maurício, “o maior ganho é novamente perceber, na prática, a potencialidade da aprendizagem mediada por tecnologias”. Em suas palavras:
"Como profissional essas experiências me permitem 'descer do pedestal' de
achar que o aluno somente pode aprender comigo, ou seja, experiências como
essa, evidenciam a autonomia do outro como aprendente, que desenvolve e
aprimora seu conhecimento, mesmo sem a interação presencial com o professor".
Considera, ainda, que
entre os “ganhos” está a “possibilidade de interação com pessoas de diferentes
estados brasileiros, bem como a aproximação em tempos que essas pessoas não
estavam interagindo profissionalmente devido ao isolamento social”. Além disso,
ressalta que “foi possível promover a aproximação dos participantes aos autores
de referência usados no curso”.
Quanto às “perdas”,
lamenta a “negação do trabalho a distância” por muitos dos profissionais que
deixam “passar a oportunidade de experienciarem essa possibilidade de trabalho inovadora
como uma forma de aprendizagem”. Considera uma perda, também, que “algumas
atividades que poderiam ser melhor exploradas num momento presencial, síncrono,
tiveram que ser realizadas a partir dos limites impostos pela distância e meios
de interação”.
Para a professora
Jéssica, os ganhos são “conhecimentos novos, um desafio que me fez pensar na
educação de uma nova perspectiva”. Em suas palavras:
"Não vejo nada como perda, já que atuo em uma escola da rede privada e meus
alunos tem acesso a todo esse ambiente virtual e, por isso, eles estão
recebendo todo o material necessário. Penso que seria muito diferente se eu
estivesse atuando na rede pública. A única coisa que me deixa um pouco
desconfortável é a exposição constante, mas já aceitei que o momento atual é
esse".
Já o professor
Leonardo considerou que a maior perda foi ser “submetido à exposição pública
constantemente” e “ter a carga horária excedida”. As outras perdas listadas por
ele foram: a) “ter que tornar a sua casa, quarto ou escritório pessoal, um
lugar público; b) necessitar “ter engajamento e simpatia on-line para que as
atividades sejam bem aceitas” por todos os alunos; c) “desamparo digital, uma
vez que gastos de luz e internet impactam minha remuneração pelo trabalho, pois
são gastos que saem da minha casa”. Considerou, ainda que ao usar materiais particulares,
não públicos, para suas aulas, “acelera ainda mais a desvalorização do que é público”.
Quanto aos ganhos, o professor escreveu:
"Tenho convicção que as perdas são maiores que os ganhos, mas acredito que
o papel do bom professor sempre foi destaque e nunca o problema, e essa máxima
segue vivíssima. Ser um bom professor segue em alta, a comunicação é
diferenciada, o carinho, mesmo que muito distante, é sentido e o conteúdo
continua ali. As dificuldades são um presente, explicar para uma turma lotada
não é tarefa fácil, explicar à distância, também não. Daí é que vem a
essencialidade do bom professor... Mesmo com todos os percalços no caminho, se
molda para que uma educação de qualidade chegue ao aluno".
Tutora Cristina Rosa |
Observando as respostas dadas a essa questão, destacamos como “perdas”, nesta experiência, a inexistência de contato pessoal que possibilita observar, olhar, ouvir, falar, esclarecer dúvidas, entre outras, com os alunos. Não tê-los perto obriga o professor a encontrar substitutos para sua presença como vídeos, mensagens de voz, compartilhamentos de fotos e muitas mensagens.
Como “ganhos”, a
percepção de que um “bom professor” é capaz de exercer a docência, seja ela na
modalidade presencial ou à distância, o que se compreende ao ler o depoimento
do professor AM: “Como profissional essas experiências me permitem ‘descer do
pedestal’ de achar que o aluno somente pode aprender comigo, ou seja,
experiências como essa, evidenciam a autonomia do outro como aprendente, que
desenvolve e aprimora seu conhecimento”.
Em breve, as
demais questões respondidas por nossos convidados...
Aguarde!
13 junho 2020
Professores na Pandemia: reinvenção?
Cristina Maria Rosa
Estefânia Konrad
Em 21 de maio de 2020, o Grupo de
Educação Tutorial – PET Educação – deu início ao estudo de um tema pertinente a
esses “novos tempos”: o trabalho remoto. Para tal, criamos um grupo composto
por 79 professores em uma rede social com o intuito de dialogar sobre vínculo e
trabalho durante a suspensão das aulas presenciais. Deixamos claro, desde o
início, que não revelaríamos a identidade dos integrantes do grupo no artigo
final e, se alguém não se sentisse à vontade, poderia declinar do convite e
sair do grupo, sem explicar nada.
O desejo era, ao fim de um tempo de
perguntas e respostas, elaborar um pequeno artigo sobre como nós, professores,
estamos nos relacionando com o estudo – ensino e a aprendizagem, nosso e de
nossos alunos e/ou filhos – especialmente nesse tempo.
Aceito por um grupo de pessoas que
se manifestou entusiasmadamente e abandonado por outro, o projeto foi levado a
cabo nesta semana, quando publicamos os primeiros resultados do estudo que
estás lendo.
O que pretendíamos?
Evidenciar como nós, professores,
estamos sendo convocados a nos posicionarmos nesse momento em que a educação
formal, presencial e remota, está em foco na sociedade.
Seja por terem os pais uma imensa
dificuldade de inserirem-se em rotinas escolares enviadas pelos professores,
seja por terem que permanecer ou retornar ao trabalho logo que alguns
comportamentos foram liberando rotinas fora de casa, a educação passou a ser
uma preocupação de quase todos: governos, direções de escolas, educadores,
pais, avós e crianças.
Duas evidências: a garantia de que
os filhos estavam no melhor lugar para a infância – a escola – já não mais existe
e, a certeza de que tudo que ensinam lá é importante, também deixou de ser uma
verdade.
Então, por que não dar voz àqueles
que estão sendo chamados a responder a essa questão social e política através
da qualidade, intensidade, frequência e resultado de seu trabalho?
Ao indagar aos professores como
estão compreendendo esse momento, especialmente relacionado à profissão, entregamos,
a quem está entre as demandas da sociedade e as demandas das crianças, a
palavra.
Como trabalhamos?
Como metodologia de pesquisa, passamos,
após a adesão de um grupo de pessoas, a enviar questões a serem respondidas em
um determinado prazo. Importante ressaltar que o grupo criado também foi utilizado
para divulgar projetos em desenvolvimento.
Algumas das questões foram: Como te
sentes tendo que trabalhar remotamente? Se não estás trabalhando, como te
sentes? O estás fazendo nesse tempo? Estudando? Tens equipamentos compatíveis
com tuas necessidades atuais de estudo e/ou trabalho? Se não tinhas,
adquiriste? Tens um local em casa para estudar e lecionar? Se não, organizaste?
As primeiras
respostas...
Logo que enviamos a primeira
mensagem, uma chuva de respostas começou a inundar nossas caixas de mensagem.
Entre elas:
Gostei desse modo de anunciar, pois
chama a atenção para cada nova pergunta. Assim como gostei de ver anunciada a
data com o prazo pra resposta. E essas informações dão um toque especial e
organiza o trabalho, pois, em meio à correria, auxilia a quem responde. #minha
opinião!
Gostei da iniciativa. Importante
discutirmos como nós professores estamos "nos constituindo" nesse
momento e processo desconhecido.
É bom ter um grupo para trocar!
Eu topo!
Amei. Eu topo Cris. Queres que
escreva direto aqui ou no Word?
Aguardo a pergunta e o prazo, estou
disposta a participar.
Topo, Cris. Só esclarece melhor, partiríamos
de um questionamento seu e nossa resposta seria para contribuir no artigo que
estas organizando? Também poderíamos te enviar artigos que estamos organizando
neste momento?
Topo!
Eu topo!
Ótima ideia!
Topo! Sou do AEE e estou aflita,
preciso ser ouvida!
Obrigada Cris pela oportunidade...
Responder as questões propostas
acima, já é uma prévia para buscar em nós as primeiras impressões dessa
concretude que está nos constituindo, tempo jamais vivido. Parece que a vida
foi interrompida. Aguardo a questão amanhã.
Eu topo!
Parabenizo a professora Cris e as
demais colegas pelo dia de ontem! Pedagogia não é minha formação acadêmica,
porém, sinto como se fosse! Um projeto que está na minha lista de desejos, bem
no topo! Obrigada pelo convite querida!
Eu topo Cris! Eu sou professora do
SAEE (AEE). Sinto-me muito preocupada com a aprendizagem dos meus alunos deficientes.
Pois tenho alguns que as aprendizagens ocorrem só verbalmente. E estão
sobrecarregados de atividades! E, ainda, a SEDUC exige que mandemos atividades
também! A maioria não tem acesso à internet.
Se puder ajudar, estou dentro!
Amei a ideia deste grupo com a
finalidade para a qual foi criado. A Cris sempre com ideias criativas,
produtivas e inovadoras.
Desejo sucesso nas publicações e, na
medida do possível, quero acompanhá-las por aqui. Beijos.
São muitos os desafios neste
momento. Mas nós, professores da educação pública, o que mais sabemos fazer é
nos reinventar.
Três professores
Paralelo a esse grupo de troca de
mensagens, contatamos três professores que, integrantes de nosso grupo de
relações próximas, se propuseram a nos dar um depoimento mais alongado.
Quais as características que nos
fizeram escolher Antonio, Jéssica e Leo? Estarem trabalhando remotamente, serem
de três locais de trabalho diferentes – escola privada, escola pública na
periferia urbana e universidade – e terem formações diferenciadas.
As questões pensadas e enviadas para
que esses três professores respondessem foram: Primeira vez que trabalhas
remotamente? Tiveste formação específica na licenciatura para tal? Se não, onde
adquiriu a formação? Como está sendo? Quais os “ganhos” e as “perdas” para tua
constituição como profissional? Quais são os equipamentos usas? Quais os
suportes de internet que tens usado? Relate uma curiosidade ocorrida...
Segunda mensagem
A segunda mensagem aos 79 professores
foi enviada no dia 24 de maio. No corpo, escrevemos: “Boa noite, professores e professoras. Como anunciei quando da
criação do grupo, Estefânia e eu estamos escrevendo um artigo sobre nossas
atitudes durante a pandemia. O foco é revelar como nós, professores que
trabalhamos, estamos sendo chamados a pensar a educação: em casa, com nossos
filhos, na escola, com nossos colegas e remotamente, com nossos alunos e/ou
orientandos. Envio, então, a primeira questão a todos que desejam colaborar: Esta
é a primeira vez que trabalhas remotamente? Aguardo até quarta, quando enviarei
nova questão. Obrigada”.
Dezenove professores responderam que
sim, sete informaram que não estavam trabalhando remotamente e dois que não, já
haviam tidos outras experiências.
Com essa primeira resposta,
percebemos que parte considerável dos professores (67% dos que responderam) estava
tendo a experiência de trabalho remoto pela primeira vez.
Em 28/05/2020, enviamos outra
pergunta ao grupo. A pergunta foi: “Fizeste algum curso para trabalhar
on-line?”. As possibilidades de resposta sugeridas foram: sim, não, estou
fazendo, aprendi com tutoriais ou aprendi com colegas. O prazo acordado foi
01/06/2020. A resposta de uma professora da rede pública foi:
Não fiz nenhum curso.
Na minha cidade, elaboramos as atividades que, impressas, foram entregues aos
pais na escola. Para meus alunos que tem celular e usam o WhattsApp, as atividades foram enviadas. Poucos têm internet e
celulares.
Uma resposta mais alargada veio de uma das depoentes:
Esta não é a primeira
vez que trabalho remotamente. Trabalhei de 2005 a 2013 no Curso de Licenciatura
de Matemática a Distância (CLMD); Curso de Educação do Campo (UFPel);
Especialização em Mídias na Educação (UFPel); Coordenei um Programa de Pró
Mobilidade Internacional CAPES/AULP entre Universidade Eduardo Mondlane e
UFPel. Esse programa desenvolveu uma formação de professores para uso das
mídias digitais, com os professores da UEM. Tenho o hábito de trabalhar de
forma híbrida, nas disciplinas e seminários dos PPGS em que atuo. Fomos
capacitados pela equipe do antigo CLM e a UAB ofereceu um curso para
professores vinculados. Na época, eu era professora pesquisadora.
As demais respostas foram vinte “não”,
seis “aprendi com tutoriais”, quatro “sim” e um “estou fazendo”. Além disso,
uma pessoa que disse: "não, mas tenho passado parte do tempo pesquisando
tutoriais adequados e outra parte do tempo, praticando estes tutoriais" e
outra disse: "Aprendi com tutoriais ofertados pela mantenedora".
Percebemos, diante das respostas
recebidas, que 63% nunca fez nenhum curso que os capacitasse para om trabalho
que, remotamente, estão tendo de desenvolver.
Uma nova pergunta:
equipamentos compatíveis
Diante do que percebemos com as repostas
recebidas – professores trabalhando e inventando um modo de se comunicar – ficamos
curiosos com o tipo de equipamento que esses dispunham para suas tarefas. Então,
perguntamos. Diante dessa pergunta, muitos depoimentos. Entre eles:
Eu só tenho um NetBook e meu celular. Se há outros equipamentos mais adequados,
desconheço quais sejam. Não faço ideia de como se edita vídeos.
Eu não tenho um celular adequado
para baixar app de edição de vídeo, então pedi emprestado para um familiar.
Adquiri muitos livros, que se estivesse na escola não iria fazer, pois na
biblioteca tem muitos de boa qualidade...
Gostaria de fazer um relato, comecei
toda a preparação de materiais para aulas e atividades online com os tutoriais,
porém agora com o passar do tempo tenho feito alguns cursos. E ontem fiz um
muito bacana e com um conteúdo muito rico "Docência no Contexto
Online", ministrado pelo prof. Valmir Heckler, que eu achei excepcional,
foi acho que a melhor troca de experiências que tive até esse momento, com
dicas úteis. Em primeiro lugar porque não tenho essa formação de docência
adequada com metodologias de ensino, pois nas "áreas duras", não
temos nada formativo nesse sentido, acabamos apreendendo com o dia a dia na
sala de aula, então isso acaba me angustiando muito, pois sempre fico muito
preocupada com a qualidade das aulas que vou ministrar, não quero e, na
verdade, a Universidade nunca forneceu esses equipamentos para o preparo das
aulas, então o que eu preciso para as minhas atividades sempre adquiri. O que
sempre me foi ofertado foi a estrutura de laboratório, para as aulas
presenciais, porém os laboratórios são compartilhados e com agendas lotadas, ou
seja, nele não se prepara atividades. E nesse momento continuo com esse mesmo
sistema. Então para as aulas remotas, uso o meu notebook, a estrutura de
gravação da que eu possuo (PC e celular) e a minha casa com as adaptações que
são possíveis: arranjar uma parede em branco para ser fundo de gravações,
apoiar notebook em cima de escada ou caixas para gravar as aulas, algumas
coisas desse tipo. Porém, ontem a unidade CENG encaminhou um e-mail para. Também
precisei comprar licença de software para edição porque não consegui me adaptar
com os gratuitos.
Nossa, sobre equipamentos, eu tive
que me equipar! Tinha o note e o celular, mas precisei comprar um quadro,
canetas coloridas e transformar o quarto da minha filha em sala de aula com
cartazes impressos e dispostos nas paredes. Sou professora de AEE, preciso
mostrar para o aluno a atividade sendo desenvolvida para que resulte em
resultados. Levei a sala de recursos para dentro de casa! Comprei jogos e
confeccionei outros tantos em casa! Uso meu "pouco" tempo livre para
estudar, pesquisar aplicativos, vídeos e plataformas que possam minimizar essa
distância! Resulte em resultados ficou redundante! Desculpe
Não tenho equipamentos bons para a
necessidade atual. Apenas utilizo meu celular, com memória mediana e com o qual
executo os programas básicos baixados anteriormente às aulas online. Como sou
muito curiosa e adaptada às novas tecnologias, eu me viro bem com o que tenho.
Mas, ideal não é. Estou pensando em adquirir um equipamento melhor agora, para
dar continuidade às aulas em junho. Quanto à internet, eu usava a minha, de
dados, do plano de celular que eu tinha. Mas contratei um novo plano de
internet, mais rápida, especialmente para as aulas na nova modalidade.
Utilizo meu notebook e meu celular e
tenho dado conta do que foi/está sendo solicitado até o momento.
Eu tive de adquirir um celular novo,
meu celular não tinha memória suficiente e nem agilidade, o sistema estava
aquém de minhas necessidades e das necessidades da escola. Quanto às salas
virtuais, eu domino o espaço virtual e já tinha computador compatível. Quando o
assunto é edição de foto e imagem, preciso recorrer a uma amiga, ou seja, terceirizo
meu trabalho, já que não sei lidar com edição. Acho bem chata a situação,
quando particularizamos cada vez mais o que é público e não, não acho que seja
cômodo e eficaz trabalhar de casa.
Utilizo meu notebook e meu celular
(tive que comprar outro, com mais recursos, embora essa necessidade eu já
estava tendo antes da pandemia) e tenho
dado conta do que foi/está sendo solicitado até o momento. Busco auxílio com
pessoas que tenho relação para aprimorar e/ou ampliar meus conhecimentos acerca
do uso das TICs, considerando que conto com essas duas ferramentas
tecnológicas.
Não. Tive de adquirir um celular e
um computador novos porque nenhum deu conta da demanda.
Eu uso meu computador (para as
necessidades básicas, dá conta) não adquiri nenhum equipamento, mas tive que
aumentar meu plano de internet. Sinto falta de um microfone e um webcam melhor.
Não sei editar vídeos e essa é minha maior dificuldade. No entanto, como as
aulas estão sendo ao vivo agora, não estou precisando utilizar os editores.
Eu tenho notebook, celular e microfone.
Uso o plano de internet da minha residência. Estou conseguindo organizar meu
trabalho pedagógico com as ferramentas que tenho. Por enquanto, está tranquilo...
Trabalho em três escolas estaduais
com o AEE no interior do estado. Eu ocupei meu celular (WhattsApp
com alguns alunos) e o notebook para enviar e receber as atividades que foram enviadas
para os alunos. A partir de segunda-feira, quem tem e-mail, conforme anunciado
pelo governador e secretário, vamos iniciar a preparação das aulas on-line. Mas a nossa realidade é
bem complicada nas escolas, pois grande
parte não tem
acesso à internet, moram no
interior do município
e lá, a internet não
tem sinal. Alguns, que moram na cidade
têm, mas nem todos tem um celular, notebook ou computador para
realização desse módulo de ensino
a distância.
Tenho Notebook, celular, tablet e
plano de internet em minha residência. Alguns aplicativos, precisei baixar. A
memória do celular será preciso aumentar. Contudo, o trabalho está sendo
realizado com sucesso. Também conto com a ajuda de colegas que baixam vídeos e
atividades com programas que não tenho. Ainda preciso complementar. Meus alunos
precisam receber minhas atividades e estas precisam ser compatíveis com seus
celulares e também fáceis de ser entendidas. Como exemplo, não posso enviar
atividades em PDF ou links. Sei que muitas vezes é desconhecido da família,
pois recém compraram o primeiro celular da família com tanta tecnologia. Antes,
era aquele celular para atender e fazer ligações.
Minha escola, por ser técnica, tem
uma boa quantidade de equipamentos. No entanto, muitas vezes por dificuldade de
interação com o material – falta conhecimento, mesmo – por exemplo, a lousa
digital, fica sem uso. A velocidade da internet não aguenta muita gente, 500
alunos utilizando e o governo não repassa o recurso suficiente que permita o
ideal em quantidade e qualidade. Quanto a pergunta “se não tínhamos, adquirimos?”,
nem penso numa hipótese desta. Usar do salário minúsculo para usos pessoais e
transformá-lo para atender a uma demanda de agenda pública?!
Eu, no caso, não estou trabalhando
on-line, sou da educação infantil. Mas, se tivesse que trabalhar através de
aulas on-line, eu teria que adquirir equipamentos, pois, sei que meu celular e
computador não comportam esses programas que muitos professores estão
utilizando.
Até o momento, estou usando apenas o
computador e o celular. Precisei baixar dois programas, mas de forma gratuita.
Tenho notebook e celular. Tem
suprido a necessidade. Trabalho com Educação Infantil e meus encontros são com
as colegas da escola. Neles, discutimos, estudamos e pensamos o pedagógico da
escola, estratégias para o retorno (quando ele acontecer...). Também a maneira
de manutenção do vínculo com as crianças e famílias através de narrativa de
histórias, canções, compartilhamento das vivências dos profissionais, em
família, nesse período de distanciamento social, através de redes sociais. A
mantenedora adotou essa política para todas as etapas atendidas pelo município.
Bem como disponibilizou tutoriais para aprimoramento da equipe gestora, que é
multiplicadora com sua equipe de professores, no uso do GSuite. Os
profissionais da Rede Municipal de Educação tem conta
Tenho trabalhado com meu notebook,
meu celular e minha rede de internet pessoal.
Adquiri um suporte para o celular para facilitar a adequação da imagem
nas reuniões on-line.
Estou utilizando os equipamentos que
já tinha. Claro que existem mais modernos, mas estou utilizando o que já
possuía.
Uso celular e notebook que eu já
tinha
Não adquiri novos equipamentos. Meu
celular e notebook são básicos e está servindo ao que foi solicitado até o
momento. Caso seja solicitado pela Secretaria de Educação algo mais
qualificado, necessitaria, provavelmente, de algum programa específico.
Não tenho, meu celular está
ultrapassado, não tem mais espaço para baixar aplicativos, meu notebook tem
mais de dez anos, só posso ouvir som com fone. Muitas vezes tenho que pedir o
notebook da minha filha para fazer as atividades, porque no meu tranca.
Pretendo comprar um notebook novo, mas os preços subiram em função do
isolamento, estou esperando uma promoção para renovar meus equipamentos de
trabalho.
Produtos
Encantadas com a riqueza de dados e
informações que estávamos recebendo, como quinta demanda, enviamos aos
professores e professoras, a seguinte mensagem: “Envio a vocês uma imagem. Meu
"home office". Quem sabe inventariamos todos que aqui estão? Como?
Cada um faz uma imagem de seu cantinho de trabalho e envia. Eu organizo todos
em um banner e envio a vocês por aqui...”
E parte considerável dos professores
enviou, originando banners com imagens do trabalho, que tu podes conhecer aqui.
Agradecimento
O PET Educação, aqui
representado por mim e pela Estefânia, agradece aos professores que se envolveram,
manifestaram e publicizaram seus saberes em tempos de trabalho remoto.
A vida não é remota! É plural, repleta
de desvios, curvas, emboscadas...
Mas, também, de veredas, poesias,
oásis.
Continuemos...
Observação: a matéria terá continuidade. Aguarde...